1903-1907 - 6ª Legislatura da Primeira República

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6ª Legislatura da Primeira República
1903-1907
Presidente Ernesto Canac
Número de Vereadores 7
Vereador mais votado Canac, Honorato e Schneider
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A Legislatura de 1903 a 1907 foi a 6ª Legislatura da Primeira República.

Eleições

As eleições municipais ocorreram em 7 de dezembro de 1902. Canac, Honorato e Oscar Schneider empataram na liderança, todos com 1288 votos recebidos.[1]

Mesa Diretora

Canac Presidiu a Câmara no quadriênio da 6ª Legislatura da Primeira República. (Foto: Arquivo Público de SC.)

As escolhas eram feitas anualmente.[nota 1]

Ano Presidente Vice-Presidente 1º Secretário 2º Secretário
1903 Ernesto Canac
1904 Ernesto Canac
1905 Ernesto Canac Oscar Schneider Honorato Francisco da Rosa Otto Parucker
1906 Ernesto Canac Oscar Schneider Ernesto Mendel Ernesto Schlemm
  • Em 1905, na votação para presidente, Canac obteve 6 votos e Honorato foi votado uma vez.[2]
  • Em 1906, para a escolha do presidente, Canac recebeu três votos, Schmalz recebeu dois e Parucker ficou com um. Na votação para o vice, Schneider ficou com cinco votos e Ernesto Schlemm obteve um. Para o cargo de 1º secretário, Ernesto Mendel foi unanimidade, com seis votos. Para 2º secretário, Schlemm, Schmalz e Parucker empataram com dois votos cada, mas Schlemm assumiu o posto. Eram sete os vereadores, mas Schlemm chegou atrasado na Sessão Ordinária, e não conseguiu participar das escolhas.[3]

Vereadores

Suplentes Convocados

Aconteceu Nessa Legislatura

Comissões em 1905

Nessa época, havia as comissões internas e externas, sendo as externas compostas por cidadãos que não eram conselheiros municipais. Estas foram as comissões formadas em 1905:

  • Fazenda:

Interna – Schneider e Schlemm
Externa – João Gottlieb Stein e L. Niemeyer.

  • Instrucção Pública:

Interna – Schneider e Parucker
Externa – Theodore Lauer, Alexandre Ernesto de Oliveira e Etienne Douat

  • Obras Públicas:

Interna – Schmalz e Hagemann
Externa – Henrique Krüger, Fernando Lepper e Henrique Miers

  • Salubridade Pública:

Interna – Rosa e Hagemann
Externa – Dr. Abdon Batista, Dr. Carlos Lange e Hugo Delistch

  • Beneficiencia Pública:

Interna – Honorato e Schlemm
Externa – Luiz Brockmann, Frederico Schlemm e L. Niemeyer

  • Segurança Pública:

Interna – Honorato e Schmalz
Externa – Adriano Schoondemark, Frederico Stoll e Carlos Etzold[2]

Clube Joinville

Não diretamente ligado às ações da Câmara, o nascimento do Clube Joinville é um evento importante para entender a política local. Divididos não só, mas principalmente, entre federalistas e republicanos, os políticos joinvilenses cogitaram que teriam mais chances na política estadual ou mesmo nacional se estivessem unidos regionalmente. Porém, seria incoerente haver fusão partidária, mas ainda haver clubes distintos para cada partido. A decisão foi a criação do Clube Joinville em 1905, que resultou da fusão de três outros clubes, sendo dois deles o legalista Club Republicano e o federalista Club União Joinvilense. Além deles, uma terceira associação esteve envolvida no nascimento do Clube Joinville, o Congresso Joinvillense. Cada clube definiu uma comissão própria que se reuniria com as outras duas para consolidar a fusão. Tais comissões foram assim constituídas:

Sob a presidência do Dr. Abdon Batista, sendo escolhido vice-presidente o coronel Procópio Gomes, o Clube Joinville iniciou suas atividades na propriedade do conselheiro municipal Otto Parucker, situada na rua do Príncipe, esquina com Jacob Richlin. No entanto, a diretoria já visionava uma sede própria, que ficaria pronta em 1913, sendo esta o prédio da atual Nova Casa Sofia.

Energia

Em 1905, Joinville estava dando seus passos em direção à geração de energia elétrica. Na sessão de 5 de julho, Etienne Douat pedia privilégios para instalação da eletricidade na cidade.[4]

Água para a Zona Sul

A zona urbana sul de Joinville não pode ser comparada com a atual zona sul. Ela se restringia a bairros vizinhos ao centro da cidade. E apara atender essa parte "meridional da cidade"', em outubro, o superintendente Procópio Gomes solicitava à Câmara autorização para contrair um empréstimo de Rs 10:000$00 (Dez milhões de réis) para a edificação de um rerervatório de água, o que foi aprovado unanimemente.[5]

Educação - Subvenção à Elisabeth von Dreifuss

Na sessão ordinária de 4 de dezembro de 1905, a Câmara tomou ciência de um requerimento da professora Elisabeth von Dreifuss, requerendo subvenção para sua escola. A Câmara decidiu encaminhar o pedido ao superintendente, autorizando-o a auxiliar na medida que lhe parecer justa e possível.[6]

Polêmica: Um Local para o Mercado Público

Para edificar o Mercado Público, Procópio Gomes queria evitar o charco doado por Brüstlein. (Foto: Acervo do Arquivo Histórico de Joinville.)
Magnifying glass 01.svg.png Ver artigo principal: Um Local para o Mercado Público

Em 1906, os planos para a edificação do Mercado Público estavam adiantados, mas esbarrou na polêmica sobre o local a ser escolhido. Um projeto apresentado ao Conselho Municipal sugeria que o local escolhido deveria ser entre as atuais ruas Jerônimo Coelho (outrora rua Paris) e 9 de Março (antiga rua do Porto), nas terras que Frederico Bruestlein estava doando à municipalidade. O lugar era um charco, facilmente inundava e precisaria de aterro, o rio ali era mais raso e não havia um cais adequado.[7]

Oscar Schneider estava na presidência em 1º de fevereiro, quando o projeto foi apresentado, pois Canac precisou ausentar-se da sessão. Schneider providenciou que o projeto fosse aprovando, sem considerar três abaixo-assinados que juntos somavam 247 assinaturas contrárias ao mesmo e sem ouvir argumentos de Procópio Gomes, também contrário ao projeto, pois Procópio também precisou se ausentar.[8]

No entanto, em sessões posteriores, Procópio Gomes trouxe pareceres das comissões interna e externa de Obras Públicas. Também foi lido o parecer dos engenheiros major Eugenio Franco e Dr. Ignacio de Oliveira, todos contrários ao charco oferecido por Brüstlein. Os engenheiros expuseram que o melhor lugar para a edificação do Mercado Público era mesmo o aterro do porto, e lá o mercado passou a ser edificado.[9]

Enchente de 1906

Magnifying glass 01.svg.png Ver artigo principal: Enchente de 1906

Num ano rodeado de consecuções, Joinville viveu em 1906 uma enchente de proporções catastróficas. Uma comissão municipal contendo dois vereadores, Eduardo Schwartz e João Gomes, visitou as regiões atingidas e fez um relatório. Entre as perdas materiais, relataram-se cenas de desespero das famílias que foram levadas pelas águas, em Corupá.

No dia 27 de março de 1906, a Câmara fez uma reunião extraordinária para analisar a situação. Na ata da reunião, se lê que os danos na estrada Dona Francisca foram intensos, e o valor calculado para consertá-la foi estimado em 50 contos de réis. A estrada ficaria intransitável por no mínimo vinte dias. Mencionando que os dados ainda eram incompletos, os vereadores calcularam os danos em trezentos contos (trezentos milhões de réis).[10]

Oscar Schneider, que presidiu a sessão, lembrou que a municipalidade não podia arcar com despesas criadas pelo desastre. Por isso, ele propôs solicitar auxílio pecuniário ao governo do estado e ao ministério da Indústria e Viação, o que foi unanimemente aprovado. Nisso, Procópio Gomes tomou a palavra e avisou que já tinha alertado o governo do estado sobre as necessidade de Joinville.[11]

Inauguração do Hospital São José

Magnifying glass 01.svg.png Ver artigo principal: Inauguração do Hospital São José

O Hospital de Caridade, atual Hospital São José, foi inaugurado em junho de 1906. A cidade abraçou a ideia das autoridades políticas, e muitos donativos foram feitos para sua construção. Além disso, festas e bazares eram realizados para angariar mais fundos. Após edificado o hospital, mobílias e enxovais também foram doados pela população.

Em 24 de maio, o superintendente Procópio Gomes foi à capital do estão assinar um acordo entre a superintendência municipal e o padre Carlos Schmees, representante das Irmãs da Divina Providência em Florianópolis, delegando às mesmas a direção do hospital.

No dia 4 de junho, houve a grande celebração de inauguração. Em destaque no palanque estavam Ernesto Canac, Procópio Gomes e o padre Carlos. Após discursarem os dois primeiros, a população foi convidada a entrar e conhecer as novas instalações.[12]

Viação

Na sessão de 2 de julho de 1906, alguns assuntos sobre mobilidade foram abordados. Primeiro, a superintendência recebeu permissão para adquirir uma pedaço das terras de Gustavo Richlin, para poder retificar a rua Bossingault (atual Sete de Setembro). Além disso, os proprietários das ruas Conselheiro Mafra (Abdon Baptista) e Cachoeira (Princesa Isabel) foram obrigados a construir um passeio na frente de suas casas. O prolongamento da rua dos Lírios (rua Otto Boehm) foi recepcionado entre as vias públicas.[13] Esse prolongamento foi feito pelos irmãos Miers, e eram um caminho particular.[14]

Os moradores do Rio Velho queriam ter um acesso por terra, mas a Câmara achou que ainda não havia motivo ou condições para fazer uma estrada até lá e determinou que tais moradores devessem continuar fazendo o uso do transporte fluvial.[13]

Matadouro Municipal? Aqui não!

Em 1906 a municipalidade pretendeu construir um matadouro municipal na estrada Bucarein (atual ria Inácio Bastos). Porém, os moradores da região protestaram contra isso, entendendo que eles seriam prejudicados. Aquela vinhança achava que matadouro poluiria as águas do rio, que eles usavam para dar de beber a seu gado.[15] Por isso, tais moradores enviaram abaixo-assinados à Câmara, lidos na sessão de 3 de setembro de 1906.[16]

A Câmara Municipal ignorou os moradores da estrada Bucarein e aprovou a construção do matadouro lá. Procópio Gomes chegou a lançar dois editais, um para fazer empréstimo e levantar os valores necessários,[17] e outro para fornecer mourões para a construção.[18] O matadouro, porém, ficaria para a próxima gestão, que não o construiria.

Hospício

Em setembro de 1906, a superintendência informou a Câmara que havia alugado de Francisco Wendel, na rua Allemã (Visconde de Taynay), uma casa por 35$000 réis para abrigar os “alienados”. O governo do Estado comunicou Joinville que pagaria a manutenção destes, caso Joinville tivesse uma casa cuidando de tais pacientes. Alienados Joinville tinha, só não tinha uma casa cuidando deles, mas não era isso que se perderia a ajuda do Estado, pois rapidamente passou a ter tal casa através da rápida ação mencionada.[16]


Legislaturas da Primeira República
Precedida pela
5ª Legislatura da Primeira República
6ª Legislatura da Primeira República Sucedida pela
7ª Legislatura da Primeira República


Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Câmara de Joinville: 1903-1907 - 6ª Legislatura da Primeira República. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=1903-1907_-_6%C2%AA_Legislatura_da_Primeira_Rep%C3%BAblica>. Acesso em: 9 de novembro de 2024.

Citação com autor incluído no texto

PINHEIRO (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)


Notas

  1. As atas da época não agrupavam os três cargos sob o termo "Mesa Diretora".

Referências

  1. Resultat der Munizipalwahl am 7 Dezember 1902. Kolonie Zeitung, 11 de dezembro de 1902.
  2. 2,0 2,1 Ata da Sessão de 23 de janeiro de 1890, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  3. Acta. Gazeta de Joinville, 10 de fevereiro de 1906. Visitado em 01/08/2024
  4. Ata da Sessão de 5 de julho de 1905, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  5. Ata da Sessão de 23 de outubro de 1905, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  6. Ata da Sessão de 4 de dezembro de 1905, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  7. Carlos Ficker. História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965.
  8. Projeto Absurdo. Gazeta de Joinville, 07 de agosto de 2024. Visitado em 07/08/2024
  9. Ata da Sessão de 7 de maio de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  10. Enchente. Gazeta de Joinville, 7 de abril de 1906. Visitado em 07/08/2024
  11. Ata da Sessão de 27 de março de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  12. Várias anotações do historiador Patrik Roger Pinheiro, quando pesquisou o assunto na Gazeta de Joinville e no Commercio de Joinville.
  13. 13,0 13,1 Ata da Sessão de 2 de julho de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  14. Resolução N. 116. Gazeta de Joinville, 8 de setembro de 1906. Visitado em 19/08/2024
  15. Locaes. Gazeta de Joinville, 8 de setembro de 1906. Visitado em 06/08/2024
  16. 16,0 16,1 Ata da Sessão de 3 de setembro de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  17. Edital. Gazeta de Joinville, 6 de outubro de 1906. Visitado em 19/08/2024
  18. Edital. Gazeta de Joinville, 20 de outubro de 1906. Visitado em 19/08/2024