Polêmica nas Eleições de 1906
Em 1906, nas eleições para a 7ª Legislatura da Primeira República, uma polêmica foi criada em torno de Otto Boehm. Naquele tempo, após a união dos diferentes partidos joinvilenses num partido único, o diretório local do Partido Republicano Catharinense decidia seus candidatos e os apresentava em chapa única ao eleitorado, que apenas referendava publicamente nas eleições uma decisão que já havia sido tomada a portas fechadas.[1] Otto Boehm, no entanto, decidiu pedir votos para uma parcela dos candidatos a vereadores que entraram no acordo. Tal fato foi interpretado por muitos como uma traição à decisão colegiada.
O Acordo Partidário
O diretório local do Partido Republicano Catharinense decidiu que comporiam sua chapa os seguintes nomes: Para conselheiros municipais (vereadores) - Otto Bohem, Francisco Tavares da Cunha Mello Sobrinho, Francisco Gomes de Oliveira, Fernando Lepper, Arnoldo Grossenbacher e Germano Wetzel. Além deles, Oscar Schneider concorreria à superintendência e outros nomes foram recomendados para juiz de paz.[2]
Boehm discursa na Wirtschaftliche Vereinigung
No salão Walther, dois domingos antes das eleições, Otto Boehm discursou para os sócios da Wirtschaftliche Vereinigung. O jornal Gazeta de Joinville, mesmo sendo contrária ao conteúdo do discurso, elogiou Boehm pela eloquência. O que deixou o jornal contrariado é que Boehm pediu votos não para os candidatos da chapa do partido republicano, mas somente para alguns deles, candidatos do antigo partido paica pau. Tal atitude mostrava que a fusão dos partidos em Joinville não havia se concretizado de modo completo.[3]
Boehm recomendou apenas os seguintes candidatos: Germano Wetzel, Fernando Lepper, Francisco Tavares e ele próprio. A Gazeta entendeu isso como uma traição, uma deslealdade que não podia ser tolerada. E os demais candidatos da chapa republicana? A matéria dá a entender que a Wirtschaftliche Vereinigung era uma associação com objetivos políticos, travestida de sociedade agrícola.[4]
Resultado
O pedido de Boehm por votos para ele e os outros três deu certo em parte. Dos quatro mais votados, três eram ele mesmo e dois dos seus indicados. Boehm, inclusive, foi o mais votado naquele pleito.[5]
Uma Fusão Não Tão Fundida Assim
A edição de 20 de Janeiro de 1906, da Gazeta de Joinville, salientava que a fusão política na cidade, que gerou o já comentado Clube Joinville, não fora uma fusão de verdade. O jornal mencionou que numa reunião do clube, falava-se muito em candidato “nosso” e “vosso”, quando se tratava de decidir cargos eletivos do cenário político nacional e estadual. Não é difícil imaginar que numa fusão assim costuma levar tempo para desaparecer gradativamente os vestígios das duas agremiações que se fundiram.[6]
Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC
Como Citar |
Referência
PINHEIRO, Patrik Roger. Polêmica nas Eleições de 1906. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Pol%C3%AAmica_nas_Elei%C3%A7%C3%B5es_de_1906>. Acesso em: 6 de dezembro de 2024. |
Citação com autor incluído no texto
Pinheiro (2024) |
Citação com autor não incluído no texto
(PINHEIRO, 2024) |
Referências
- ↑ Eleição Municipal. Commercio de Joinville, 23 de setembro de 1906. Visitado em 01/08/2024
- ↑ Eleição Municipal. Commercio de Joinville, 24 de novembro de 1906. Visitado em 01/08/2024
- ↑ Discurso Notável. Gazeta de Joinville, 24 de novembro de 1906. Visitado em 02/08/2024
- ↑ Attenção. Gazeta de Joinville, 1 de dezembro de 1906. Visitado em 02/08/2024
- ↑ Ata da Sessão de 8 de dezembro de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
- ↑ Notas A Lapis. Gazeta de Joinville, 20 de janeiro de 1906. Visitado em 20/01/1906