Polêmica nas Eleições de 1906

De Memória CVJ
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A Chapa Republicana incluía sete nomes para conselheiros municipais, mas Boehm privilegiou quatro deles. (Commercio de Joinville, 10/11/1906)

Em 1906, nas eleições para a 7ª Legislatura da Primeira República, uma polêmica foi criada em torno de Otto Boehm. Naquele tempo, após a união dos diferentes partidos joinvilenses num partido único, o diretório local do Partido Republicano Catharinense decidia seus candidatos e os apresentava em chapa única ao eleitorado, que apenas referendava publicamente nas eleições uma decisão que já havia sido tomada a portas fechadas.[1] Otto Boehm, no entanto, decidiu pedir votos para uma parcela dos candidatos a vereadores que entraram no acordo. Tal fato foi interpretado por muitos como uma traição à decisão colegiada.

O Acordo Partidário

O diretório local do Partido Republicano Catharinense decidiu que comporiam sua chapa os seguintes nomes: Para conselheiros municipais (vereadores) - Otto Bohem, Francisco Tavares da Cunha Mello Sobrinho, Francisco Gomes de Oliveira, Fernando Lepper, Arnoldo Grossenbacher e Germano Wetzel. Além deles, Oscar Schneider concorreria à superintendência e outros nomes foram recomendados para juiz de paz.[2]

Boehm discursa na Wirtschaftliche Vereinigung

Otto Boehm. (Foto: Acervo do Arquivo Histórico de Joinville.)

No salão Walther, dois domingos antes das eleições, Otto Boehm discursou para os sócios da Wirtschaftliche Vereinigung. O jornal Gazeta de Joinville, mesmo sendo contrária ao conteúdo do discurso, elogiou Boehm pela eloquência. O que deixou o jornal contrariado é que Boehm pediu votos não para os candidatos da chapa do partido republicano, mas somente para alguns deles, candidatos do antigo partido paica pau. Tal atitude mostrava que a fusão dos partidos em Joinville não havia se concretizado de modo completo.[3]

Boehm recomendou apenas os seguintes candidatos: Germano Wetzel, Fernando Lepper, Francisco Tavares e ele próprio. A Gazeta entendeu isso como uma traição, uma deslealdade que não podia ser tolerada. E os demais candidatos da chapa republicana? A matéria dá a entender que a Wirtschaftliche Vereinigung era uma associação com objetivos políticos, travestida de sociedade agrícola.[4]

Resultado

O pedido de Boehm por votos para ele e os outros três deu certo em parte. Dos quatro mais votados, três eram ele mesmo e dois dos seus indicados. Boehm, inclusive, foi o mais votado naquele pleito.[5]

Uma Fusão Não Tão Fundida Assim

A edição de 20 de Janeiro de 1906, da Gazeta de Joinville, salientava que a fusão política na cidade, que gerou o já comentado Clube Joinville, não fora uma fusão de verdade. O jornal mencionou que numa reunião do clube, falava-se muito em candidato “nosso” e “vosso”, quando se tratava de decidir cargos eletivos do cenário político nacional e estadual. Não é difícil imaginar que numa fusão assim costuma levar tempo para desaparecer gradativamente os vestígios das duas agremiações que se fundiram.[6]



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Polêmica nas Eleições de 1906. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Pol%C3%AAmica_nas_Elei%C3%A7%C3%B5es_de_1906>. Acesso em: 6 de dezembro de 2024.

Citação com autor incluído no texto

Pinheiro (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)


Referências

  1. Eleição Municipal. Commercio de Joinville, 23 de setembro de 1906. Visitado em 01/08/2024
  2. Eleição Municipal. Commercio de Joinville, 24 de novembro de 1906. Visitado em 01/08/2024
  3. Discurso Notável. Gazeta de Joinville, 24 de novembro de 1906. Visitado em 02/08/2024
  4. Attenção. Gazeta de Joinville, 1 de dezembro de 1906. Visitado em 02/08/2024
  5. Ata da Sessão de 8 de dezembro de 1906, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  6. Notas A Lapis. Gazeta de Joinville, 20 de janeiro de 1906. Visitado em 20/01/1906