Mudanças entre as edições de "Cassação do Mandato de Mauricinho Soares"
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*Érico não participou com voto na ocasião da denúncia porque presidia a sessão na ocasião. Ele substituía Diego Machado, que era o denunciante e não podia presidir aquela votação. Qual presidente, Érico só votaria em caso de empate, conforme declara o Regimento Interno da casa.<ref>[https://web.archive.org/web/20240313162322/https://ndmais.com.br/politica/vereadores-de-joinville-rejeitam-defesa-de-mauricinho-e-investigacao-continua/ Vereadores de Joinville rejeitam defesa de Mauricinho e investigação continua.] ND+. Arquivado do [https://ndmais.com.br/politica/vereadores-de-joinville-rejeitam-defesa-de-mauricinho-e-investigacao-continua/ original]. Visitado em 13/03/2024.</ref> | *Érico não participou com voto na ocasião da denúncia porque presidia a sessão na ocasião. Ele substituía Diego Machado, que era o denunciante e não podia presidir aquela votação. Qual presidente, Érico só votaria em caso de empate, conforme declara o Regimento Interno da casa.<ref>[https://web.archive.org/web/20240313162322/https://ndmais.com.br/politica/vereadores-de-joinville-rejeitam-defesa-de-mauricinho-e-investigacao-continua/ Vereadores de Joinville rejeitam defesa de Mauricinho e investigação continua.] ND+. Arquivado do [https://ndmais.com.br/politica/vereadores-de-joinville-rejeitam-defesa-de-mauricinho-e-investigacao-continua/ original]. Visitado em 13/03/2024.</ref> | ||
Insatisfeita com esta resposta, a advogada de Mauricinho, Milena Tomelin, recorreu à justiça, primeiro ao TJSC e depois ao STF. Cármen Lúcia respondeu que “''Diferente do que afirma o reclamante, o exame da documentação que acompanha a inicial desta ação não evidencia desrespeito às garantias processuais do denunciado''”. A ministra continuou: “''Não se põe em questão, sequer tangencialmente, usurpação da competência legislativa da União para definir crimes de responsabilidade ou traçar normas para o processo e julgamento de crimes dessa natureza, a comprovar ausência de estrita aderência entre o ato apontado como reclamado e a súmula vinculante invocada como paradigma de descumprimento, o que impede processamento válido desta ação''”.<ref>[https://web.archive.org/web/20240315130023/https://camara.joinville.br/noticia/stf-nega-pedido-de-defesa-de-mauricinho-e-confirma-validade-de-comissao-processante/ STF nega pedido de defesa de Mauricinho e confirma validade de comissão processante.] Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [https://camara.joinville.br/noticia/stf-nega-pedido-de-defesa-de-mauricinho-e-confirma-validade-de-comissao-processante]. Visitado em 15/03/2024.</ref> | |||
Ouvido o vereador e sua defesa em 23 de fevereiro, Mauricinho Soares foi às lágrimas e afirmou que era inocente das acusações. Ele mencionou que foi citado por alguém que foi preso e afirmou que não seria condenado. Mauricinho respondeu questionamentos do vereador Ucker, mas se negou a responder perguntas de Profeta, o relator. Este era considerado parcial por aquele.<ref>Lucas Koehler. [https://web.archive.org/web/20240315124643/https://www.nsctotal.com.br/noticias/vereador-preso-chora-ao-depor-na-camara-de-joinville-nao-cometi-crime Vereador preso chora ao depor na Câmara de Joinville: “Não cometi crime”.] A Notícia. Arquivado do [https://www.nsctotal.com.br/noticias/vereador-preso-chora-ao-depor-na-camara-de-joinville-nao-cometi-crime original]. Visitado em 15/03/2024.</ref> | |||
Em 5 de março, a Comissão Processante votou a favor do relatório do vereador Profeta, entendendo que houve realmente quebra de decoro parlamentar. Com isso, a Comissão agora levou seu relatório para ser votado em plenário, em Sessão de Julgamento.<ref>[https://web.archive.org/web/20240315123537/https://www.aconteceuemjoinville.com.br/comissao-processante-conclui-que-vereador-mauricinho-soares-quebrou-decoroparlamentar/ Comissão Processante Conclui que Vereador Mauricinho Soares Quebrou Decoro Parlamentar.] Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [https://www.aconteceuemjoinville.com.br/comissao-processante-conclui-que-vereador-mauricinho-soares-quebrou-decoroparlamentar/ original]. Visitado em 15/03/2024.</ref> | |||
==Sessão de Julgamento== | |||
Terminados os trabalhos da Comissão processante, a decisão pela cassação ou não do vereador Mauricinho caberia ao plenário. No dia 11 de março de 2024, aconteceu a Sessão de Julgamento. Alguns minutos antes do início da sessão, a defesa do vereador entregou uma carta de renúncia. Segundo o subprocurador da CVJ, Denilson Rocha, com base na Constituição e na Lei Orgânica do município, o pedido de renúncia tem os efeitos suspensos até as deliberações finais do processo de cassação. Diz o artigo 15 no seu parágrafo 5º | |||
A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos, até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. | |||
O processo já estava em andamento desde a formação da comissão processante, portanto, o vereador ficou na situação de sendo cassado, perdeira o mandato. Não sendo, já havia renunciado. Mas renunciar naquele momento não era possível. Mesmo com a sessão de julgamento não iniciado, o processo em si já estava em curso há meses. | |||
===Declaração da Defesa== | |||
A advogada de Mauricinho, Milena Tomelin, afirmou que ele não cometeu crime, não tem condenação judicial, e que vai provar que é inocente. Segundo ela, o “jogo político” levaria à cassação “independente de qualquer defesa”. “É muito triste o vereador Maurício Soares não poder renunciar de forma digna”, lamentou a advogada. | |||
A defesa se retirou como protesto, por entender que os ritos legais não estavam sendo seguidos. | |||
===Pronunciamentos dos Vereadores=== | |||
Cleiton Profeta, relator da comissão processante, declarou que o pedido de renúncia e o “tumulto” da defesa era “mera ardilosidade” para induzir os vereadores ao erro. | |||
Érico Vinicius, que presidiu a sessão de julgamento, afirmou que o rito já havia sido informado aos vereadores, e que o direito de defesa à Mauricinho foi garantido. | |||
Claudio Aragão questionou o presidente por não ter lhe concedido a palavra no início da sessão. Aragão afirmou que foi cerceado no seu direito de fala parlamentar. Aragão ouviu na sessão sobre uma carta de renúncia de Mauricinho, e queria ter conhecimento do conteúdo dela, mas não foi ouvido. Aragão também disse que, como houve tal renúncia, a Sessão de Julgamento perdeu seu objeto. | |||
Henrique Deckmann (MDB) também criticou os procedimentos da sessão em relação à carta de renúncia de Mauricinho, já que a defesa e os vereadores não puderam manifestar-se no início do julgamento de hoje. | |||
Wilian Tonezi (PL) disse que votaria pela cassação “com muita tristeza” por viver esse momento. Ele criticou a ausência da defesa no plenário e a impossibilidade de os advogados falarem logo no início da sessão. | |||
Diego Machado (PSDB), que fez a denúncia que levou à cassação, lembrou que por ser o denunciante não votaria nem presidiria a sessão. Afirmou ainda confiar na procuradoria da Casa e nos trâmites do processo, já que o judiciário estaria respaldando o processo de cassação. | |||
Presidente da comissão processante que culminou na cassação, Cassiano Ucker (União Brasil) agradeceu aos membros do colegiado e servidores. Ele disse ainda que não estava “confortável” com a ausência da defesa naquele momento do julgamento. | |||
Suplente de Mauricinho na CVJ, Pelé (MDB) disse não ter nada contra o rito de hoje, mas que não se sentia “confortável” em votar porque ele seria o principal beneficiário da cassação, e, por isso, se absteria. | |||
<ref>[Site-salvo-wayback Nome da Matéria.] Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [site-original original]. Visitado em 15/03/2024.</ref> | <ref>[Site-salvo-wayback Nome da Matéria.] Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [site-original original]. Visitado em 15/03/2024.</ref> |
Edição das 13h58min de 15 de março de 2024
Operação Profusão
Alvo de investigação na Operação Profusão, o então vereador Mauricinho Soraes foi alvo de buscas conduzidas pela polícia civil. Tal operação apurava suposta prática de falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e organização criminosa. O objetivo era beneficiar condutores de veículos penalizados com suspensão da Carteira de Habilitação - CNH.
Durante as buscas, que foram realizadas no gabinete do vereador na Câmara e na casa dele, a polícia encontrou uma arma na residência. POr isso, Mauricinho foi preso por posse ilegal de arma.[1] O vereador saiu no mesmo dia após pagar fiança, mas voltou à prisão no dia 8 de dezembro, após a evolução das investigações levarem o delegado Rafaello Ross a decretar a prisão preentiva.[2]
Conselho de Ética e Afastamento
O presidente da casa, vereador Diego Machado, apresentou no dia 4 de dezembro denúncia contra Mauricinho. O pedido de investigação foi aprovado em plenário e o Conselho de Ética foi acionado. Tal conselho foi presidido pelo vereador Wilian Tonezi.[3] Mauricinho foi afastado a pedido do Conselho, e tomou posse no seu lugar o vereador Pelé, em pleno recesso parlamentar.[4]
Comissão Processante
Além do acionamento do Conselho de Ética, no dia 11 de dezembro a Câmara de Vereadores de Joinville aprovou também a abertura de uma Comissão Processante. A finalidade era analisar a possível quebra de decoro parlamentar. Cassiano Ucker foi eleito presidente da comissão, com Profeta como relator e Kiko do Restaurante como terceiro membro.[5]
A defesa do parlamentar enviou pedido de nulidade da comissão, argumentado dois pontos:
- Falta de proporcionalidade dos partidos em sua composição;
- Falta de voto do vereador Érico Vinicius na votação pela aceitação ou não da denúncia.
Em 28 de dezembro, a Comissão analisou os argumentos a defesa e o relator Cleiton Profeta afirmou que:
- A formação da comissão estava de acordo com o que determina o Decreto-Lei 201/1967, que regulamenta o seu funcionamento;
- Érico não participou com voto na ocasião da denúncia porque presidia a sessão na ocasião. Ele substituía Diego Machado, que era o denunciante e não podia presidir aquela votação. Qual presidente, Érico só votaria em caso de empate, conforme declara o Regimento Interno da casa.[6]
Insatisfeita com esta resposta, a advogada de Mauricinho, Milena Tomelin, recorreu à justiça, primeiro ao TJSC e depois ao STF. Cármen Lúcia respondeu que “Diferente do que afirma o reclamante, o exame da documentação que acompanha a inicial desta ação não evidencia desrespeito às garantias processuais do denunciado”. A ministra continuou: “Não se põe em questão, sequer tangencialmente, usurpação da competência legislativa da União para definir crimes de responsabilidade ou traçar normas para o processo e julgamento de crimes dessa natureza, a comprovar ausência de estrita aderência entre o ato apontado como reclamado e a súmula vinculante invocada como paradigma de descumprimento, o que impede processamento válido desta ação”.[7]
Ouvido o vereador e sua defesa em 23 de fevereiro, Mauricinho Soares foi às lágrimas e afirmou que era inocente das acusações. Ele mencionou que foi citado por alguém que foi preso e afirmou que não seria condenado. Mauricinho respondeu questionamentos do vereador Ucker, mas se negou a responder perguntas de Profeta, o relator. Este era considerado parcial por aquele.[8]
Em 5 de março, a Comissão Processante votou a favor do relatório do vereador Profeta, entendendo que houve realmente quebra de decoro parlamentar. Com isso, a Comissão agora levou seu relatório para ser votado em plenário, em Sessão de Julgamento.[9]
Sessão de Julgamento
Terminados os trabalhos da Comissão processante, a decisão pela cassação ou não do vereador Mauricinho caberia ao plenário. No dia 11 de março de 2024, aconteceu a Sessão de Julgamento. Alguns minutos antes do início da sessão, a defesa do vereador entregou uma carta de renúncia. Segundo o subprocurador da CVJ, Denilson Rocha, com base na Constituição e na Lei Orgânica do município, o pedido de renúncia tem os efeitos suspensos até as deliberações finais do processo de cassação. Diz o artigo 15 no seu parágrafo 5º
A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos, até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
O processo já estava em andamento desde a formação da comissão processante, portanto, o vereador ficou na situação de sendo cassado, perdeira o mandato. Não sendo, já havia renunciado. Mas renunciar naquele momento não era possível. Mesmo com a sessão de julgamento não iniciado, o processo em si já estava em curso há meses.
=Declaração da Defesa
A advogada de Mauricinho, Milena Tomelin, afirmou que ele não cometeu crime, não tem condenação judicial, e que vai provar que é inocente. Segundo ela, o “jogo político” levaria à cassação “independente de qualquer defesa”. “É muito triste o vereador Maurício Soares não poder renunciar de forma digna”, lamentou a advogada. A defesa se retirou como protesto, por entender que os ritos legais não estavam sendo seguidos.
Pronunciamentos dos Vereadores
Cleiton Profeta, relator da comissão processante, declarou que o pedido de renúncia e o “tumulto” da defesa era “mera ardilosidade” para induzir os vereadores ao erro.
Érico Vinicius, que presidiu a sessão de julgamento, afirmou que o rito já havia sido informado aos vereadores, e que o direito de defesa à Mauricinho foi garantido.
Claudio Aragão questionou o presidente por não ter lhe concedido a palavra no início da sessão. Aragão afirmou que foi cerceado no seu direito de fala parlamentar. Aragão ouviu na sessão sobre uma carta de renúncia de Mauricinho, e queria ter conhecimento do conteúdo dela, mas não foi ouvido. Aragão também disse que, como houve tal renúncia, a Sessão de Julgamento perdeu seu objeto.
Henrique Deckmann (MDB) também criticou os procedimentos da sessão em relação à carta de renúncia de Mauricinho, já que a defesa e os vereadores não puderam manifestar-se no início do julgamento de hoje.
Wilian Tonezi (PL) disse que votaria pela cassação “com muita tristeza” por viver esse momento. Ele criticou a ausência da defesa no plenário e a impossibilidade de os advogados falarem logo no início da sessão.
Diego Machado (PSDB), que fez a denúncia que levou à cassação, lembrou que por ser o denunciante não votaria nem presidiria a sessão. Afirmou ainda confiar na procuradoria da Casa e nos trâmites do processo, já que o judiciário estaria respaldando o processo de cassação.
Presidente da comissão processante que culminou na cassação, Cassiano Ucker (União Brasil) agradeceu aos membros do colegiado e servidores. Ele disse ainda que não estava “confortável” com a ausência da defesa naquele momento do julgamento.
Suplente de Mauricinho na CVJ, Pelé (MDB) disse não ter nada contra o rito de hoje, mas que não se sentia “confortável” em votar porque ele seria o principal beneficiário da cassação, e, por isso, se absteria.
Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC
Como Citar |
Referência
PINHEIRO, Patrik Roger. Cassação do Mandato de Mauricinho Soares. Memória CVJ, 2023. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Cassa%C3%A7%C3%A3o_do_Mandato_de_Mauricinho_Soares>. Acesso em: 12 de abril de 2025. |
Citação com autor incluído no texto
Pinheiro (2023) |
Citação com autor não incluído no texto
(PINHEIRO, 2023) |
Referências
- ↑ Após ser preso em operação, vereador Mauricinho Soares paga fiança e é solto em Joinville. O Município. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ Vereador Mauricinho Soares é preso na Câmara de Joinville. OCPnews. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ Plenário aceita denúncia contra vereador e aciona Conselho de Ética. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ Vereador Mauricinho Soares é preso na Câmara de Joinville. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ CVJ aprova abertura de Comissão Processante contra Mauricinho Soares. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ Vereadores de Joinville rejeitam defesa de Mauricinho e investigação continua. ND+. Arquivado do original. Visitado em 13/03/2024.
- ↑ STF nega pedido de defesa de Mauricinho e confirma validade de comissão processante. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [1]. Visitado em 15/03/2024.
- ↑ Lucas Koehler. Vereador preso chora ao depor na Câmara de Joinville: “Não cometi crime”. A Notícia. Arquivado do original. Visitado em 15/03/2024.
- ↑ Comissão Processante Conclui que Vereador Mauricinho Soares Quebrou Decoro Parlamentar. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do original. Visitado em 15/03/2024.
- ↑ [Site-salvo-wayback Nome da Matéria.] Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do [site-original original]. Visitado em 15/03/2024.