Prefeito ''versus'' Câmara: Aumento salarial para os servidores

De Memória CVJ
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Em 1990, durante a 11ª Legislatura, o prefeito de Joinville, Luiz Gomes, negou inicialmente a reposição salarial aos servidores públicos. O sindicato então passou a transitar na CVJ, buscando a cooperação dos vereadores para exercer pressão sobre o executivo. Com uma bancada oposicionista grande, o PMDB uma vez desafiaria o mandatário pedessista, conseguindo, no fim, o desejado aumento para os servidores.

Servidores sem Aumento

No dia 24 de maio de 1990, o presidente do Sindicato dos Servidores de Joinville - Sinsej,[nota 1] Osmar Dalonso, reuniu-se por três com o prefeito Luiz Gomes (Lula), para negociar o reajuste salarial. Eram tempo de Plano Collor, no qual Zélia Cardoso de Mello buscava estabilizar a inflação. Na esteira do plano econômico, o prefeito Lula afirmava que não podia dar aumentos para não furar as intenções do governo federal.

Inconformado, Dalonso passou a promover manifestações e disse que a própria Zélia estava orientando a negociação direta. Além disso, Dalonso outras cidades catarinenses já tinham aprovado aumentos salariais de até 50%. Por que Joinville não podia?[1]

A Pressão dos Servidores Ressoa na CVJ

Além de judicializar a questão, o sindicato decidiu pressionar a Câmara de Vereadores. Tudo começou com um pedido de suplementação orçamentária solicitada pelo executivo. Então, o presidente do sindicato, Dalonso, passou a articular com muitos vereadores um toma lá, dá cá. Reajuste salarial feito, suplementação aprovada. Nos cálculos de Dalonso, 12 vereadores já tinham concordado com os planos.[2] Para "incentivar" os vereadores a aderirem à pressão sobre o executivo, os servidores lotaram a Câmara na sessão de 07 de junho de 1990, quando a suplementação começou a ser votada.[3]

Tal pressão no legislativo municipal funcionou. A maioria do plenário decidiu condicionar a aprovação do pedido de suplementação orçamentária ao envio de uma proposta concreta de reposição salarial da categoria. Para isso, um documento foi elaborado e assinado por 11 vereadores. Além disso, a Câmara ouviu sindicalistas fazerem uma exposição sobre as perdas cumulativas, que atingia 187% segundo os oradores.[4]

Prefeitura Negocia com PMDB

O prefeito não podia mais fechar a mesa de negociações. Lula pediu aos ser secretários Mario Boehm (Administração) e Ronald Caputo (Finanças) para continuarem negociando com o sindicato. Segundo o jornalista Toninho Neves, em 13 de junho já tinha secretarias começando a parar atividades por falta de verba. Mesmo com os cofres providos, o prefeito não poderia usar os fundos sem autorização do legislativo.[5] Ilmar Borges, secretário de Obras, bem como Evilásio dos Santos, o Maninho, administrador da zona Sul, já começavam a coçar a cabeça ante o esgotar de verbas.[6]

Uma coisa era certa: Cidade parando não interessava a ninguém, e a ausência de suplementação afetaria a situação financeira da Câmara também, que bebia da mesma fonte. Liderando os peemedebistas, Sérgio Silva abriu negociações com o secretário Caputo. Sérgio disse que os PMDB sugeriria remanejamentos orçamentários que permitiriam oferecer a reposição das perdas salariais. Enquanto isso, o projeto continuava tramitando entre as comissões.[7]

Se Era Aumento que Vocês Queriam...

No dia 26 de junho de 1990, o executivo enfim enviou um projeto de reposição salarial. A proposta era de aumento de 84,32%, a ser pago escalonadamente em três vezes. O acordo teve a anuência do sindicato, e por isso mesmo, teria aprovação certa na CVJ, já que os vereadores se comprometeram a aprovar qualquer projeto que o sindicato estivesse de acordo.[8] Acabava aqui a queda de braço entre Vereadores e Prefeito, com final feliz para os servidores públicos.



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Prefeito ''versus'' Câmara: Aumento salarial para os servidores. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Prefeito_%27%27versus%27%27_C%C3%A2mara:_Aumento_salarial_para_os_servidores>. Acesso em: 1 de abril de 2025.

Citação com autor incluído no texto

Pinheiro (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)

Notas

  1. Na época o Sinsej tinha outro nome: Sindicato dos Servidores da Prefeitura Municipal de Joinville–SSPMJ.

Referências

  1. Servidores Não Terão Aumento. A Notícia, 26 de maio de 1990.
  2. Servidores Municipais Pressionam Vereadores. A Notícia, 05 de junho de 1990.
  3. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Na Retranca. A Notícia, 08 de junho de 1990.
  4. Vereadores Firmam Acordo Sobre Política Salarial. A Notícia, 09 de junho de 1990.
  5. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Queda-de-Braço. A Notícia, 23 de junho de 1989.
  6. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Preocupados. A Notícia, 15 de junho de 1990.
  7. Suplementação: PMDB Já Admite Negociar. A Notícia, 16 de junho de 1990.
  8. Na Câmara, o Aumento de 84,32%. A Notícia, 27 de junho de 1990.