Mudanças entre as edições de "Greve de 1992"

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Em 11 de setembro muitos servidores cruzaram os braços. Estava deflagrada a greve. Paralisação talvez não defina muito bem o que muitos deles realmente fizeram, já que houve fortes manifestações e piquetes em frente a instituições públicas. Em 17 de agosto, a prefeitura comunicou o Sinsej que a justiça determinou a suspensão dos piquetes. Ele também informou que nem o caixa, nem a lei já permitiam o aumento de 125% desejado pelos servidores. Em período eleitoral somente a reposição inflacionária poderia ocorrer.<ref>Prefeito Diz Porque Não pode dar Aumento. A Notícia, 18 de setembro de 1992.</ref>
Em 11 de setembro muitos servidores cruzaram os braços. Estava deflagrada a greve. Paralisação talvez não defina muito bem o que muitos deles realmente fizeram, já que houve fortes manifestações e piquetes em frente a instituições públicas. Em 17 de agosto, a prefeitura comunicou o Sinsej que a justiça determinou a suspensão dos piquetes. Ele também informou que nem o caixa, nem a lei já permitiam o aumento de 125% desejado pelos servidores. Em período eleitoral somente a reposição inflacionária poderia ocorrer.<ref>Prefeito Diz Porque Não pode dar Aumento. A Notícia, 18 de setembro de 1992.</ref>


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Edição das 16h05min de 18 de março de 2025

ARTIGO EM CONSTRUÇÃO

Em 1992, durante a 11ª Legislatura, foi deflagrada uma greve de 40 dias pelos servidores públicos municipais em Joinville. Era um contexto de inflação galopante e perdas do poder aquisitivo mesmo diante de aumentos salariais regulares para reajustar as perdas inflacionárias. Os servidores, que demonstravam descontentamento já por meses, aderiram à greve organizada pelo sindicato da categoria.

Antecedentes

Junho

Manifestação dos servidores. (Foto: Roberto Adam/A Notícia 26/06/1992)

Em junho de 1992, o prefeito Lula encaminhou mensagem à Câmara solicitando um reajuste de 25%. Os servidores, porém, realizaram uma assembleia, e nela rejeitaram essa proposta. Percorrendo ruas centrais e realizando manifestações, principalmente na frente da prefeitura, os servidores carregavam faixas, sopravam apitos e mantinham um forte sistema de som ligado.

Prefeito e sindicato se reuniram na Câmara, sem fechar acordo. O prefeito alegava ser impossível dar mais que 25%, e os servidores achavam que deveria ter sido apresentada alguma contraproposta aos 73% por eles solicitados.[1] Não foi um fim de encontro tranquilo. Na saída da Câmara, o prefeito foi ofendido verbalmente por alguns grevistas, revidou e a confusão se armou. A prefeitura depois afirmou que pessoas ligadas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) agitaram os ânimos, o sindicato (Sinsej) jogou a culpa em ex-servidores.[2] Segundo o jornalista Toninho Neves, A CUT colocou seu carro de som de modo a trancar a saída da Câmara. Armada a emboscada, Neves segue dizendo que:[3]

Luiz Gomes encarou os agressores que covardemente armaram uma emboscada no corredor de saída da Câmara.

O tempo para resolver o dilema se esgotava, pois com o início do período eleitoral, dali a dos dias, impediria aumentos maiores que as reposições inflacionárias. Uma proposta de 30% de aumento partiu do executivo, mas em face dos 73% desejados pelos servidores, novamente não houve acordo e os servidores paralisaram por 24 horas.[4]

Julho

Nova manifestação dos servidores no centro da cidade. (Foto: Volnei Amaral/A Notícia 18/07/1992)

Nova queda de braço ocorreu em julho. OS servidores queriam 12% de reajuste e o Sinsej buscou uma tática já emprega pela 11ª legislatura: condicionar a aprovação do pedido de suplementação orçamentária ao aumento solicitado pelos servidores.[5] A prefeitura pedia ao legislativo a liberação de 26 bilhões de cruzeiros. A Sessão Ordinária que votaria esse pedido não durou nem um minuto. Presidida pela vereadora Teresa Campregher Moreira, a sessão não tinha quórum.[6] Por fim, a Câmara aprovou um aumento de 30% mais os 12,8% solicitados anteriormente pelos servidores. Enquanto tal lei ia para sanção ou veto do prefeito, ainda havia a questão da suplementação orçamentária.

Nova sessão ocorreu em 21 de julho, dessa vez com quórum, mas sem consenso para votar a suplementação, deixando a prefeitura de pires na mão.[7] Para piorar, alegando inconstituvcionalidade, o prefeito vetou os 12.8%, ficando só com os 30% consensuais entre Câmara e executivo. Segundo a prefeitura, caso incluísse os 12,8%, o executivo chegaria com 91,6% da arrecadação de outubro comprometida só com salários, e isso iria para 102,3% em novembro e 110.4% em dezembro.[8] No dia 28 de julho, a Câmara aprovou finalmente a suplementação, para desgosto do Sinsej, que disse que os vereadores não honraram o compromisso assumido com a categoria.[9]

Magnifying glass 01.svg.png Ver Também: Prefeito ''versus'' Câmara: Aumento salarial para os servidores

Agosto

Em agosto, o veto do prefeito foi analisado pela Câmara, que decidiu rejeitá-lo por dezesseis votos contra um. Agora, o aumento poderia ser promulgado pelo legislativo, mas aparentemente não foi.[nota 1][10] A greve estava vindo!

A Greve

Lula explica na Câmara porque não pode dar o aumento desejado pelos servidores. (Foto: Davi Zocoli/A Notícia 18/09/1992)
Lula explica na Câmara porque não pode dar o aumento desejado pelos servidores. (Foto: Davi Zocoli/A Notícia 18/09/1992)

Em 11 de setembro muitos servidores cruzaram os braços. Estava deflagrada a greve. Paralisação talvez não defina muito bem o que muitos deles realmente fizeram, já que houve fortes manifestações e piquetes em frente a instituições públicas. Em 17 de agosto, a prefeitura comunicou o Sinsej que a justiça determinou a suspensão dos piquetes. Ele também informou que nem o caixa, nem a lei já permitiam o aumento de 125% desejado pelos servidores. Em período eleitoral somente a reposição inflacionária poderia ocorrer.[11]

No dia 24 de agosto Teresa acabou vivendo em encontro de família um tanto inusitado: Os servidores mantinham piquete na frente da prefeitura, e junto deles, estava o marido de Teresa, Altino, que era servidor público. Ela também estava lá, qual representante do poder legislativo, sendo vice-presidente da mesa diretora da Câmara. Mas havia decisão da justiça que proibia o uso de piquetes. Para cumprir a determinação judicial, apareceu ali o filho de Teresa, o tenente Adilson Moreira, comandando o pelotão de choque da PM que removeria os piquetes. Só escapou do encontro familiar a filha Liamaraes, que qual professora, decidiu continuar dando aula naquele dia.[12]

Os servidores não queriam menos, e o prefeito dizia que não podia pagar mais. Com o impasse, a greve continuava. Em 30 de setembro, durante a sessão ordinária na Câmara, alguns servidores decidiram: acampariam na CVJ. Os funcionários da casa legislativa passaram a assistir à entrada de colhões, malas e afins, enquanto o diretor-geral, Cláudio Pereira Ramos, tentava retirar aqueles objetos dali. Quase foi agredido. A sessão não teve quórum.

Durival, presidente da casa, não se incomodou com os que se acomodavam para pernoitar ali. Disse ele:

Eu compreendo a situação dos funcionários em greve. Eles não estão fazendo nada. Eles estão pedindo uma coisa que é justa.

O presidente do Sinsej afirmou que os servidores ficariam acampados na Câmara, fazendo vigília, até que o prefeito tomasse uma posição.[13]


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Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Greve de 1992. Memória CVJ, 2025. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Greve_de_1992>. Acesso em: 10 de abril de 2025.

Citação com autor incluído no texto

Pinheiro (2025)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2025)


Notas

  1. Artigos de jornal posteriores (A Notícia, 18/09/1992) evidenciam que os 12% (ou 12,8%) ainda não haviam sido pagos, e o site Leis Municipais não contém uma lei assinada pelo presidente da Câmara, decretando o aumento. Isso deixa dúvidas sobre o que ocorreu com o veto rejeitado.

Referências

  1. Servidores Tentam Ganhar Simpatia para Sua Causa. A Notícia, 26 de junho de 1992.
  2. Duas Versões para o Mesmo Incidente. A Notícia, 27 de junho de 1992.
  3. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Na Retranca. A Notícia, 27 de junho de 1992.
  4. Servidores Recusam 30% e Param de Novo. A Notícia, 1 de julho de 1992.
  5. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Na Retranca. A Notícia, 14 de julho de 1992.
  6. Sessão da Câmara Não Dura Nem Um minuto. A Notícia, 15 de julho de 1992.
  7. Pela Segunda Vez Vereadores Suspendem Uma Votação. A Notícia, 22 de julho de 1992.
  8. Câmara Decide Sobre Aumento para Servidor. A Notícia, 23 de julho de 1992.
  9. Câmara Aprova Projeto de Suplementação de Verbas. A Notícia, 29 de julho de 1992.
  10. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Derrubaram. A Notícia, 04 de agosto de 1992.
  11. Prefeito Diz Porque Não pode dar Aumento. A Notícia, 18 de setembro de 1992.
  12. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Na Retranca. A Notícia, 25 de setembro de 1992.
  13. Servidor Acampa na Câmara. A Notícia, 1 de julho de 1992.
  14. Servidores Recusam 30% e Param de Novo. A Notícia, 1 de julho de 1992.
  15. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Na Retranca. A Notícia, 23 de junho de 1989.