Mudanças entre as edições de "CPI da Aerofotogrametria em 1989"

De Memória CVJ
Ir para navegação Ir para pesquisar
 
(Uma revisão intermediária pelo mesmo usuário não está sendo mostrada)
Linha 19: Linha 19:
=Espera um Pouco Aí=
=Espera um Pouco Aí=
Luiz Gomes apoiou a formação da CPI, mas ela estava para ser formada justamente quando ele se licenciaria por dez dias. O peemedebista [[Sérgio de Souza Silva|Sérgio Silva]], proponente da formação da CPI, farejou algo estranho no ar e pretendeu frear momentaneamente a formação da Comissão:  
Luiz Gomes apoiou a formação da CPI, mas ela estava para ser formada justamente quando ele se licenciaria por dez dias. O peemedebista [[Sérgio de Souza Silva|Sérgio Silva]], proponente da formação da CPI, farejou algo estranho no ar e pretendeu frear momentaneamente a formação da Comissão:  
"Isso muda um poco as coisas. Precisamos entender primeiro por que o prefeito pretende se ausentar no exato momento em que o Legislativo está prestes a tomar decisão tão importante, que é a criação de da CPI (...)"
<blockquote>''Isso muda um poco as coisas. Precisamos entender primeiro por que o prefeito pretende se ausentar no exato momento em que o Legislativo está prestes a tomar decisão tão importante, que é a criação de da CPI (...)''</blockquote>
Sérgio Silva estava convencido de que havia alguma manobra acontecendo, para que Lula passasse a prefeitura ao vice Fialkoski justamente naquele momento.
Sérgio Silva estava convencido de que havia alguma manobra acontecendo, para que Lula passasse a prefeitura ao vice Fialkoski justamente naquele momento.


[[Nestor Westrupp]], do PFL e líder do governo, insistiu que a formação da CPI deveria ocorrer logo para não haver acúmulo de trabalhos pendentes. A situação era no mínimo esquisita: o próprio co-autor do pedido de instauração da CPI pedia o adiamento desta, enquanto os governistas queriam que ela fosse logo instaurada.<ref>Sérgio Silva Estranha Decisão de Luiz Gomes. A Notícia, 08 de setembro de 1989.</ref>
[[Nestor Westrupp]], do PFL e líder do governo, insistiu que a formação da CPI deveria ocorrer logo para não haver acúmulo de trabalhos pendentes. A situação era no mínimo esquisita: o próprio co-autor do pedido de instauração da CPI pedia o adiamento desta, enquanto os governistas queriam que ela fosse logo instaurada.<ref>Sérgio Silva Estranha Decisão de Luiz Gomes. A Notícia, 08 de setembro de 1989.</ref>


=Atos da CPI=
=Atos da CPI=
Reunida pela primeira vez em 13 de setembro, a primeira decisão que a CPI tomou foi a de solicitar a suspensão dos trabalhos de aerofotogrametria. Eles também solicitaram a liberação dos documentos referente a todo o processo de licitação. Os vereadores também acharam por bem contratar técnicos para auxiliar nos trabalhos: um jurista com conhecimentos em direito administrativo e um técnico com experiência em concorrência pública.<ref name="Suspensão"></ref>  
Reunida pela primeira vez em 13 de setembro, a primeira decisão que a CPI tomou foi a de solicitar a suspensão dos trabalhos de aerofotogrametria. Eles também solicitaram a liberação dos documentos referentes a todo o processo de licitação. Os vereadores também acharam por bem contratar técnicos para auxiliar nos trabalhos: um jurista com conhecimentos em direito administrativo e um técnico com experiência em concorrência pública.<ref name="Suspensão"></ref>  


[[Arquivo:CPI aerofotogrametria carvalho.jpg|130px|miniaturadaimagem|Luiz Carvalho, presidente da CPI. (Foto: Wagner Jorge/A Notícia, 17/09/1989)]]
[[Arquivo:CPI aerofotogrametria carvalho.jpg|130px|miniaturadaimagem|Luiz Carvalho, presidente da CPI. (Foto: Wagner Jorge/A Notícia, 17/09/1989)]]

Edição atual tal como às 13h26min de 21 de novembro de 2024

Os membros da CPI da Aerofotogrametria. (Foto: Wagner Jorge/A Notícia, 14/09/1989)

Em 1989, durante a 11ª Legislatura, a prefeitura entendeu ser útil realizar um levantamento aerofotogramétrico das áreas de mangue em Joinville. Porém, o jornalista Osny Martins veiculou em um jornal de Blumenau uma denúncia de que a licitação era fraudulenta,[1] e inclusive apontou com um dia de antecedência o nome da empresa vencedora, Agritec, fato que acabou se confirmando.[2] Como a lisura da licitação foi colocada em dúvida, a Câmara de vereadores decidiu formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o assunto.

A CPI foi formada em setembro de 1989 e tinha sete membros. Seu presidente era Luiz Carvalho (PMDB) e Waldomiro Dordet era o relator. Evilásio dos Santos Júnior e Norival Silva também estavam entre os membros da Comissão.[3] A CPI encerrou suas atividades entendendo que a concorrência pública obedeceu a todas as regras legais, não havendo indícios de fraude.

Executivo Municipal Convencido de Inocência

O prefeito Luiz Gomes foi à favor da instalação da CPI. (Foto: Wagner Jorge/A Notícia, 5/09/1989)

Prefeito Lula Apoia a formação da CPI

Ciente do teor da matéria jornalística e da intenção da Câmara de Vereadores de formar uma CPI, o então prefeito Luiz Gomes se disse favorável a formação desta. Lula estava convencido de que tudo correra legalmente, e orientou os vereadores da base aliada a aceitar a CPI para que tudo ficasse muito claro e para...

"(...) provar que a concorrência obedeceu a todos os preceitos legais e que a denúncia não passou de uma ação de má-fé puramente política.[2]
Ronaldo Caputo, de pé, afirma que não houve irregularidade. (Foto: Roberto Adam/A Notícia, 5/09/1989)

Secretários Municipais Fazem Coletiva de Imprensa

Além da declaração de Lula, dois secretários municipais convocaram uma coletiva de imprensa para esclarecer como se deu a licitação. Os secretários eram Ronald Caputo (Finanças) e Mario Boehm (Administração). Eles disseram que o Serviço Nacional do Patrimônio da União (SPU) participou na elaboração do edital, o que dava mais credibilidade ainda à licitação praticada. A SPU participou porque as terras de marinha estavam entre as que seriam alvos da aerofotogrametria.

Caputo alegou que o jornal que adiantou qual seria a empresa vencedora deu um chute muito bem calculado, já que só havia três empresas interessadas, e delas a Agritec era a mais experiente, tendo já atuado no mandato de Wittich Freitag. Para exemplificar que o jornal só estava tentando deduzir, Caputo lembrou que a publicação tentou adivinhar também o valor do contrato, imprimindo simplesmente o valor já constante no edital, NCz$ 470.665,00. Nesse ponto o jornal erra, já que o valor final foi de NCz$ 423.598.50. Para Caputo, estava claro que o periódico estava apenas usando de dedução para buscar dar chutes e tentar adivinhar o resultado da licitação.

Espera um Pouco Aí

Luiz Gomes apoiou a formação da CPI, mas ela estava para ser formada justamente quando ele se licenciaria por dez dias. O peemedebista Sérgio Silva, proponente da formação da CPI, farejou algo estranho no ar e pretendeu frear momentaneamente a formação da Comissão:

Isso muda um poco as coisas. Precisamos entender primeiro por que o prefeito pretende se ausentar no exato momento em que o Legislativo está prestes a tomar decisão tão importante, que é a criação de da CPI (...)

Sérgio Silva estava convencido de que havia alguma manobra acontecendo, para que Lula passasse a prefeitura ao vice Fialkoski justamente naquele momento.

Nestor Westrupp, do PFL e líder do governo, insistiu que a formação da CPI deveria ocorrer logo para não haver acúmulo de trabalhos pendentes. A situação era no mínimo esquisita: o próprio co-autor do pedido de instauração da CPI pedia o adiamento desta, enquanto os governistas queriam que ela fosse logo instaurada.[4]

Atos da CPI

Reunida pela primeira vez em 13 de setembro, a primeira decisão que a CPI tomou foi a de solicitar a suspensão dos trabalhos de aerofotogrametria. Eles também solicitaram a liberação dos documentos referentes a todo o processo de licitação. Os vereadores também acharam por bem contratar técnicos para auxiliar nos trabalhos: um jurista com conhecimentos em direito administrativo e um técnico com experiência em concorrência pública.[3]

Luiz Carvalho, presidente da CPI. (Foto: Wagner Jorge/A Notícia, 17/09/1989)

Julio Fialkoski, vice em exercício da prefeitura, não quis acatar o pedido da CPI de suspender os trabalhos, mas mesmo assim decidiu submeter o assunto ao departamento jurídico. Se o jurídico não considerasse devida a sugestão da CPI, o executivo municipal continuaria a contar com os serviços da Agritec. Fialkoski afimou que a empresa teria 150 dias para concluir os trabalhos. Se houvesse suspensão sem prova de irregularidade, Fialkoski perguntou quem arcaria com a despesa, os membros da CPI ou os responsáveis pela denúncia infundada.[5] Carvalho, presidente da CPI, respondeu à fala de Fialkoski dizendo que a Comissão fez o que tinha que fazer, pedir a suspensão dos trabalhos até o esclarecimento dos assuntos. Acatar ou não essa petição, e aceitar os riscos, é um direito do executivo.[6]

Com a palavra as Empresas Participantes

Ainda em setembro, a empresa vencedora enviou ofícios à Câmara, e neles ela se manifestou dizendo que a denúncia que era forjada a denúncia de fraude do processo licitatório. Perci Martinski, diretor da Agritec, lançou questionamentos que colocavam em cheque a acusação:

  • Por que o anúncio feito pelo denunciante não se confirmou em 6 de agosto, dia de abertura das propostas? (no dia, duas empresas terminaram empatadas);
  • Por que houve denúncia somente um mês depois de 6 de agosto?
  • Por que o anúncio errou no preço, se sabia de antemão das informações?
  • A quem interessava a fraude forjada?

A Agritec também usou dos mesmos argumentos dos secretários municipais, de que havendo poucas empresas na licitação, e tendo a Agritec a experiência desejada, era fácil dar um palpite acertado nesse caso. Para a Agritec, a denúncia partiu de alguma concorrente sem condições técnicas para efetuar o serviço.[7]

Em novembro, a empresa Esteio, concorrente da Agritec no processo de concorrência pública, depôs na CPI. Os representantes da Esteio afirmaram que a licitação ocorreu sem irregularidades.[8]

Conclusão

Em outubro, o advogado Max Bornholdt foi designado para estudar o dossiê preparado pela CPI e dar seu parecer técnico. Ex-consultor jurídico do município, Bornholdt recebeu o dossiê e decidiu investigar se os critérios praticados foram os estabelecidos no edital.[9]

A CPI encerrou suas atividades concluindo que a licitação obedeceu a todas as regras legais e nada foi apurado que pudesse caracterizar o processo como fraudulento.[10]



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. CPI da Aerofotogrametria em 1989. Memória CVJ, 2023. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=CPI_da_Aerofotogrametria_em_1989>. Acesso em: 9 de abril de 2025.

Citação com autor incluído no texto

Pinheiro (2023)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2023)

Referências

  1. CPI COntrata Dois Técnicos Para Auxiliar nos Trabalhos. A Notícia, 17 de setembro de 1989.
  2. Ir para: 2,0 2,1 Lula Nega Existência de Irregularidades em Licitação. A Notícia, 5 de setembro de 1989.
  3. Ir para: 3,0 3,1 CPI Pede a Suspensão do Trabalho de Aerofotogrametria. A Notícia, 14 de setembro de 1989.
  4. Sérgio Silva Estranha Decisão de Luiz Gomes. A Notícia, 08 de setembro de 1989.
  5. Aerofotogrametria, Julio Nega Existência de Fraude. A Notícia, 15 de setembro de 1989.
  6. CPI Contrata Dois Técnicos para Auxiliar nos Trabalhos. A Notícia, 17 de setembro de 1989.
  7. Agritec Afirma que a Denúncia foi Forjada. A Notícia, 24 de setembro de 1989.
  8. Antonio Neves. Desepero. A Notícia, 4 de novembro de 1989. Coluna Alça de Mira.
  9. CPI da Câmara Aguarda Estudo de Advogado. A Notícia, 26 de outubro de 1989.
  10. Empresas se Habilitam para Aerofotogrametria. A Notícia, 17 de novembro de 1989.