A Câmara Discute o POE Estadual

De Memória CVJ
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Em 1955, durante a 3ª Legislatura, a Câmara de Vereadores discutiu o POE - Plano de Obras e Equipamentos, um projeto estadual que buscava impulsionar obras e aquisições de equipamentos.

Sob a a influência do vereador Ademar Garcia, empresário e presidente da Acij, a Câmara se posicionou contrária ao POE, encaminhando suas considerações à Alesc. O Vereador Conrado de Mira, no entanto, declarou seu apoio ao projeto do governo estadual, dizendo que Câmara e a Acij gostavam de opor gratuitamente ao governo de Irineu Bornhausen, e que outras instituições além da Acij deveriam ser ouvidas em Joinville.

A despeito da insatisfação da ACIJ e de parte da Câmara, o Projeto de lei 02/55 foi aprovado e se tornou a Lei Nº 1365, de 4 de novembro de 1955.

O Plano de Obras e Equipamentos

Ademar Garcia: Mais impostos, assim não dá!

Inspirado no POE federal, instituído no fim de 1943, o POE estadual nasceu de um projeto (PL 02/55) que transitou na Alesc em 1955. A ideia inicial era criar uma lei que abrangesse um decênio, arrecadando fundos com um aumento de 20% no imposto sobre Venda e Consignações, o IVC, para custear obras e aquisições de equipamentos.[1]

Entre as obras programadas, estavam reconstruções de estradas, construção de 7 usinas e linhas de transmissão de energia, equipamentos para a agricultura, entre outros.[2]

A Câmara se posiciona contrária ao POE

Relata o Jornal de Joinville que na sessão de 26 de maio de 1955, Ademar Garcia apresentou à Câmara um documento da Acij - Associação Comercial e Industrial de Joinville. O órgão se posicionava contrário ao Plano de Obras e Equipamentos. A reportagem do Jornal não apresentou os argumentos da Acij, mas não é difícil inferir que era um protesto contra o aumento dos impostos. A Câmara criou uma comissão composta pelos vereadores Ademar Garcia, Curt Alvino Monich e Eugênio Juergens para estudar o manifesto.[3] Vale a pena lembrar que Ademar Garcia era o próprio presidente da ACIJ[4] e era empresário, propretário da fábrica de carretéis Santa Terezinha.

Fica claro pela posterior manifestação do vereador Conrado de Mira que a Câmara, depois de ouvir as classes produtoras, se posicionou contrária ao Projeto de Lei, enviando tais considerações à Alesc.[5]

Conrado de Mira se posiciona à Favor do POE

Conrado de Mira: A Acij não é a única Associação que deve ser ouvida.

Conrado de Mira enviou uma carta ao Jornal de Joinville, publicada na edição de 11 de junho de 1955, na qual ele se posiciona à favor do projeto de lei patrocinado pelo governo de Irineu Bornhausen. Conrado dá a entender que a Câmara e a ACIJ se opunham ao governo, quer esse apresentasse algum plano, quer não apresentasse plano algum. Conrado declarou que outras instituições além da ACIJ deveriam ser ouvidas, entre elas, a Sociedade Amigos de Joinville e os Sindicatos Patronais.[5]

O PL é aprovado

A despeito da insatisfação da ACIJ e de parte da Câmara, o Projeto de lei 02/55 foi aprovado e se tornou a Lei Nº 1365, de 4 de novembro de 1955.

Décio Martignaco, em sua dissertação de mestrado afirmou que:

"O POE pode ser definido como um esquema parcial de investimento público, e apesar das limitações em termos de planejamento, este plano teve méritos consideráveis. Refletia uma orientação centralizadora, própria da época dos controles financeiros. O Plano pretendia ser decenal, porém foi restrito a um período de 5 anos, em face da mudança política ocorrida. Assim, o Plano de Obras e Equipamentos foi recebido pelo PLAMEG.[1] 

O PLAMEG I foi um plano de metas do Governo Estadual, que iniciou em 1961.



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. A Câmara Discute o POE Estadual. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=A_C%C3%A2mara_Discute_o_POE_Estadual>. Acesso em: 28 de abril de 2024.

Citação com autor incluído no texto

PINHEIRO (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)

Referências

  1. 1,0 1,1 Décio Martignaco. Análise Institucional das Experiências de Planejamento Governamental em Santa Catarina. Orientador: Antonjio Niccoló Grillo. 1981. Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação em História, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. Visitado em 29/08/2023
  2. Lei Nº 1365, de 4 de novembro de 1955. Visitado em 29/08/2023
  3. Debatido o Caso da Interrupção da Rodovia Joinville-Itajaí. Jornal de Joinville, 27 de maio de 1955.
  4. História Completa da ACIJ. Site da ACIJ. Visitada em 29/08/2023
  5. 5,0 5,1 Favorável o Sr. Conrado de Mira ao Plano de Obras e Equipamentos. Jornal de Joinville, 11 de junho de 1955.