Conrado de Mira
Conrado de Mira | |
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Foto: Arquivo CVJ | |
Partido(s) | PTB e PSP |
Legislatura | 3ª |
Assinatura | ![]() |
Em Joinville, Conrado de Mira foi vereador da 3ª Legislatura pós-Era Vargas.
Vereador
3ª Legislatura (1955-1959): Mira foi o 3º vereador mais votado nas eleições de 1954, fazendo 837 votos.[1][2] Ele foi Presidente da Comissão de Redação e Leis e em 1956 foi 2º Secretário da Mesa diretora.[3] Era do PTB, e foi eleito pela AST, uma aliança eleitoral de seu partido com o PSD.
Conrado se caracterizou como autor de vários projetos e indicações. Por exemplo, em maio de 1955 ele pedia abertura de crédito para cobrir indenizações de servidores municipais, um projeto para criar uma casa para abrigar menores desamparados, aumentando o salário-família dos servidores, a criação de um departamento de trânsito, remodelação de ruas, e outros mais.[4]
Quando entendeu que a Aliança o traiu no primero ano da legislatura, Mira articulou a resposta no ano seguinte. Em 1955, o PSD fez acordos com a UDN sem seu consentimento ou conhecimento. No ano seguinte, Mira buscou unir-se aos udenistas, que formando maioria não mais precisariam de acordos com os pessedistas. (Ver também: "A AST se desfaz" e "A UDN domina as Comissões", no artigo da 3ª Legislatura.
Em agosto de 1958, Mira propôs a criação de mais dois feriados municipais: Corpus Christi e Assunção de Nossa Senhora. O projeto foi aprovado e se tornou a lei 484/1958. Mira já havia feito a mesma proposta em 1955, mas sem sucesso naquela ocasião.[5] Muitos anos mais tarde, em 1991, Baltasar Buschle disse que a ideia era colocá-lo numa sinuca: Sancionar o feriado e desagradar os católicos, ou vetar e contrariar os luteranos. Buschle disse que essa era mais uma das artimanhas da oposição na Câmara, que era maioria.[6] Se o projeto foi de Mira, e se Buschle entendia como vindo da oposição, isso parece indicar que Mira deixou novamente de apoiar o PSD, flutuando entre as bancadas conforme lhe fosse conveniente. Justamente em num projeto de lei de 1958, Mira assina como Vereador e Líder do PSP na Câmara Municipal, o que indica que em dado momento ele abandonou o PTB e trocou de sigla.[7]
Ver Também: Feriados Municipais em Joinville
Outros Mandatos
Prefeito
Eleições perdidas
- 1947 - PTB - 324 votos. 3º mais votado. O vencedor, João Colin, fez pela UDN 5.266 votos. Norberto Bahchmann fez 3.068 votos pelo PSD.[8]
- 1955 - 153 votos. 3º mais votado. Novamente vencedor, o udenista João Colin fez 8.603 votos. Segundo mais votado, Jota Gonçalves fez 6.116 votos.[9]
Homenagens
No bairro Costa e Silva, uma rua leva o nome do vereador Conrado de Mira.
Informações Biográficas
Conrado era sindicalista e sua força política derivava do operariado. Foi presidente da Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias de Olaria, Cerâmica e derivados de Joinville.[10] Em 1936 ele era secretário do Círculo Operário de Joinville. [11] Já em 1939, seu nome consta como presidente do "Syndicato Operários da Construcção Civil",[12] entidade da qual ele foi um dos membros fundadores, em 1931.[13]
Em 1941, Conrado de Mira viu-se envolvido num incidente que repercutiu na mídia, quando ofereceu-se para ajudar na organização da recém criada Associação dos Tecelões. O presidente Guilherme Corrêa acusou Mira de manipulador e alegou que ele pareceu querer ajudar, mas manipulou os assuntos em benefício próprio. Segundo o acusador, Mira acabou usando sua experiência não só para conseguir empregar-se na Associação com bom ordenado, como também de imiscuir-se onde não devia, tentando tomar as rédeas da situação. Mira também foi acusado de ser uma mau elemento, criador de casos e alguém que maltratava os associados. Mira acabou demitido.[14] Usando seu direito de resposta, Mira informou que iria processar Guilherme por caluniá-lo e chamá-lo de mau elemento, sendo que quando saiu, mira recebeu uma declaração que atestava "relevantes e perfeitos os serviços prestados pelo snr. Conrado de Mira a esta Associação. Entre muitos outros argumentos, Mira ainda lembrou que ser empregado (como ele foi da Associação) não é crime e que o próprio acusador era um.[15]
Em 1945 Mira constava no quadro de conselheiros fiscais do Caxias Futebol Clube.[16]
Getulista, nas comemorações de 10 de Novembro Conrado de Mira proferiu um discurso de apoio ao presidente Vargas.[17] 10 de Novembro celebrava a data da instalação da 3ª república, em 1957.
Sua esposa dona Irany, em entrevista ao jornalista Salvador Neto, descreveu Mira como sendo alguém muito animado, festeiro e alvoroçado. “Ele não parava nunca! Trabalhava direto, no sindicato, e trazia trabalho prá casa. Não tinha ano novo, nada. Só descansou quando morreu mesmo”. Nos anos da ditadura civil-militar, Mira foi preso enquanto estava no sindicato, levado para Florianópolis e depois para o Rio de Janeiro. Foi liberado só meses depois. Conrado de Mira faleceu de infarto fulminante em 1981. [18]
Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC
Como Citar |
Referência
PINHEIRO, Patrik Roger. Biografia de Conrado de Mira. Memória CVJ, 2025. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Conrado_de_Mira>. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025. |
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(PINHEIRO, 2025) |
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Referências
- ↑ Quais os Cidadãos Escolhidos por Joinville para a Futura Câmara. Jornal de Joinville, 09 de outubro de 1954.
- ↑ Resultados Oficiais em Joinville. A Notícia, 09 de outubro de 1954.
- ↑ Eleita Ante-Ontem a Nova Mesa da Câmara Municipal de Joinville. Jornal de Joinville, 09 de fevereiro de 1956.
- ↑ Câmara Municipal - Debatido o Caso da Interrupção da Rodovia Joinville-Itajaí. Jornal de Joinville, 27 de maio de 1955.
- ↑ Projeto 495/1958, arquivado na Câmara de Vereadores.
- ↑ Mudança de Feriado Provoca Polêmica. A Notícia, 6 de novembro de 1991.
- ↑ Projeto 494/1958, arquivado na Câmara de Vereadores.
- ↑ Resultados Finais das Eleições em Joinville. O Estado. Florianópolis. Edição de 11/05/1958. Visitado em 09/12/2021.
- ↑ Eleições em Joinville. O Estado. Florianópolis. Edição de 09/10/1955. Visitado em 02/05/2024.
- ↑ O Estado de Florianópolis Promissores os Primeiros Movimentos de Celso Ramos. Edição 14119, de 2 de março de 1961. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=884120&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=793211. Visitado em 09/12/2021
- ↑ A Notícia. Edição 2450, de 28 de novembro de 1936. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=12032. Visitado em 09/12/2021
- ↑ A Notícia. Edição 2739, de 20 de novembro de 1937. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=14856. Visitado em 09/12/2021
- ↑ Gente Nossa: Histórias de gente que fez e faz a cidade. Salvador Neto. Joinville: Legere / Nova Letra, 2014. ISBN: 978-85-67447-05-6
- ↑ A Notícia. A Associação dos Tecelões. Edição 3512, de 9 de julho de 1941. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=5666. Visitado em 09/12/2021
- ↑ A Notícia. A Associação dos Tecelões. Edição 3513, de 10 de julho de 1941. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&Pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&pagfis=5672. Visitado em 09/12/2021
- ↑ Correio do Povo Caixas F.C.. Edição 1307, de 6 de dezembro de 1945. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=886440&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=5857. Visitado em 09/12/2021
- ↑ A Notícia. Echos das commemorações. Edição 3334, de 15 de novembro de 1939. Site:http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&pesq=%22Conrado%20de%20Mira%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=20851. Visitado em 09/12/2021
- ↑ Memória: Conrado de Mira, o organizador do sindicalismo joinvilense Palavra Livre. Salvador Neto. Visitado em 14/12/2021