As Sedes da Câmara de Vereadores de Joinville
Ao longo da sua história, a Câmara de Vereadores de Joinville já ocupou seis diferentes edificações. Nos primeiro anos, dentro do período monárquico, não havia prefeituras, e a Câmara exercia o poder executivo. Depois, no começo da república, os dois poderes dividiam o mesmo prédio, sede do poder municipal. Na década de 1970, porém, prefeitura e Câmara passaram a ocupar espaços distintos, o que perdura até o presente.
Primeira Sede (1869-1898)
As atas da Câmara desse período não mencionam qual edificação sediou as primeiras reuniões, o que levou os historiadores a reunir indícios e inferir. Ainda falta a prova documental. Ternes e Vicenzi comentam que as primeiras reuniões podem ter sido realizadas no escritório da Sociedade Colonizadora, num prédio hoje inexistente, mas que ficava no mesmo local onde hoje temos o palacete Niemeyer, na rua Luiz Niemeyer. Uma construção que fica de frente para a rua do Príncipe. Também comentam que muitas dessas primeiras reuniões podem ter acontecido nas casas dos próprios vereadores.[1] São suposições deveras muito plausíveis.
Segunda Sede (1898-1930 e 1936-1937)
As incertezas que pairam sobre a primeira sede não recaem sobre a segunda. Na Sessão Ordinária de 6 de junho de 1898, a Câmara ouviu o parecer da Comissão de Obras Públicas acerca de um terreno adequado para abrigar a novas instalações públicas. Tal comissão afirmou ter negociado com Elisa Hasse, viúva do já falecido ex-vereador Gustav Hasse, e ela aceitou vender a propriedade que se localizava na atual praça Nereu Ramos. O valor negociado previamente entre ela e a comissão era de 40 contos de réis, acordo referendado pela Câmara, sob a presidência de Pedro Lobo.[2]
Conta o historiador Carlos Ficker que a escritura de compra e venda foi assinada em 12 de agosto de 1898. O orçamento municipal reservou 46 contos de réis porque havia adaptações a ser feitas nas casas existentes no terreno, e mobílias e materiais a adquirir. As edificações receberiam audiências, reuniões do juri, do conselho municipal e serviria de local para despacho do superintendente (atual prefeito). Logo, executivo, legislativo e judiciário estariam todos reunidos no mesmo local. De especial interesse a história da Câmara é a menção de um galpão existente entre as duas casas, que serviria de seu depósito.[3]
Tal edifício sediou as reuniões do conselho (Câmara) até 1930. Então, veio o governo provisório de Vargas, que fechou os poderes legislativos. A Câmara de Vereadores foi substituída pelo Conselho Consultivo, órgão ligado à prefeitura. Por um breve período de retorno constitucional, de 1936 a 1937, Joinville voltou a ter uma Câmara de Vereadores, novamente fechada quando Vargas implantou o Estado Novo.
Terceira Sede (1947-1970)
O retorno das casas legislativas ocorreu somente depois da queda do Estado Novo. No caso da Câmara de Joinville, isso foi em 1947. [nota 1] O prédio da antiga Escola Católica, organizada pelo Padre Carlos Boergshausen, mais tarde renomeada como Escola Conselheiro Mafra, passou a abrigar a prefeitura a partir de 1940, e a Câmara a partir de 1947, quando se instalou a 1ª Legislatura pós-Vargas.
Em 1970, a Câmara deixou esse prédio para migrar para a rua 9 de Março. Mais tarde, em 1974, tal bela edificação precisou dar espaço ao progresso. Uma ligação do Norte com o Sul precisava passar por ali, e durante o governo do prefeito Pedro Ivo Campos, a implantação da Avenida Juscelino Kubitschek exigiu a demolição do prédio público e anterior escola.
Quarta Sede (1970-1999)
A partir de 1970, a quarta sede passou a abrigar a CVJ por quase 20 anos. A mudança ocorreu durante a 7ª Legislatura. O prédio que passou a sediar o legislativo municipal ficava na rua 9 de Março. Embaixo ficava o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e a Câmara dava expediente no terceiro piso.[1] A inauguração se deu em 15 de maio de 1970, dia em que também se deu uma Sessão Solene de outorga do título de "Cidadão Honorário de Joinville" ao governador Ivo Silveira.
Tratava-se de um imóvel do governo de Santa Catarina, que abrigava um banco e outros departamentos estaduais. Em 1970, por exemplo, além do Besc e da Câmara, dividiam o prédio a Coletoria Estadual e a Inspetoria Regional de Ensino.[4] Com o tempo, ficando cada vez mais evidente que os departamentos de suporte ao legislativo não tinham espaço suficiente ali, e uma nova sede logo seria necessária. Em 1990, durante a 11ª Legislatura João Pessoa Machado presidia a casa e estudava a possibilidade de transferir o legislativo para o prédio do Clube Joinville, onde em 2025 funciona a Nova Casa Sofia, na rua do Príncipe. A ideia foi rejeitada já de início pelo vereador Sdrigotti, que considerou demasiadamente onerada a transferência de sede, incluindo reformas e adaptações.[5]
Quinta Sede (1999-2006)
Em 1999, durante a 13ª Legislatura, a Câmara voltou para perto de suas origens, quando passou a ocupar três pavimentos do edifício do Banco do Brasil, na rua Luiz Niemeyer. Para relembrar, a provável primeira sede ficava ali ao lado, onde hoje está o Palacete Niemeyer.
Os três pavimentos ofereceram mais espaço para às sempre crescentes necessidades da Câmara, numa cidade cada vez maior. Melhor que isso, porém, é uma sede própria projetada especificamente para atender as necessidades dos trabalhos legislativos!
Sexta Sede (2006 aos dias atuais)
Quando se planejou construir a atual sede da prefeitura, a questão da sede do legislativo também foi levantado. Deveria a Câmara funcionar no mesmo prédio da prefeitura, ou ter sede separada? Luiz Gomes, prefeito de Joinville, entendeu que separação física facilitaria a independência dos dois poderes, e se manifestou apoiando uma sede separada para a CVJ.[6]
Em janeiro do ano 2000, o presidente Hercílio Rohrbacher apresentou projeto de uma sede própria a ser construída na avenida Hermann Lepper, ao lado do fórum. Segundo os arquitetos, a edificação seria inspirada no senado romano. Cezar Dobner, um dos engenheiros do projeto, afirmou na ocasião que seriam empregados na obra materiais nobres e duráveis. O então vereador Wilson Vieira, porém, apresentou fortes ressalvas: O orçamento de R$ 3,5 milhões era baixo demais para tal obra, e o projeto prever um elevador privativo para o presidente da casa, segundo ele, era um exagero.[4]
Mas o projeto seguiu em frente. A sede própria da Câmara de Vereadores foi inaugurada em 2006.
Galeria de Imagens
Local das Sessões Ordinárias na quarta sede.[4]
Inauguração da 4ª Sede. Presidente Mário Lobo, ladeado pelo governador Ivo Silveira (esquerda na foto) e vereador Nagib Zattar).[4]
Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC
Como Citar |
Referência
PINHEIRO, Patrik Roger. As Sedes da Câmara de Vereadores de Joinville. Memória CVJ, 2025. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=As_Sedes_da_C%C3%A2mara_de_Vereadores_de_Joinville>. Acesso em: 19 de março de 2025. |
Citação com autor incluído no texto
Pinheiro (2025) |
Citação com autor não incluído no texto
(PINHEIRO, 2025) |
Notas
- ↑ As Obras "Da Comuna aos Tempos Atuais: A História do Legislativo de Joinville." e "Legislativo de Joinville - Subsídios para sua história." colocam os anos 1940/1974 ao lado da menção da terceira sede. O prédio pode ter recebido a prefeitura desde 1940, mas sediou as reuniões da Câmara somente a partir de 1947, já que na Era Vargas não havia nem reuniões da Câmara, nem Câmara de Vereadores. Além disso, o próprio livro "Da Comuna aos Tempos Atuais: A História do Legislativo de Joinville" traz nas páginas 182 e 183 recortes de jornais de 1970 que indicam que a mudança dessa sede para a próxima ocorreu em 1970, não em 1974. O ano de 1974 deve ter sido uma inferência, baseada na demolição do prédio anterior para a abertura da avenida Juscelino Kubitschek.
Referências
- ↑ Ir para: 1,0 1,1 Apolinário Ternes; Herculano Vicenzi, H. Legislativo de Joinville - Subsídios para sua história. 2 Ed. Joinville: Editora Letra D'Água, 2006.
- ↑ Sessão Ordinária. Kolonie Zeitung, 16 de maio de 1898.
- ↑ Carlos Ficker. História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965.
- ↑ Ir para: 4,0 4,1 4,2 4,3 Régis Bitencourt. Da Comuna aos Tempos Atuais: A História do Legislativo de Joinville. 2 Ed. Joinville: Fábrica de Comunicação, 2006
- ↑ Austeridade Chega à Câmara. A Notícia, 18 de abril de 1990.
- ↑ Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. Separada. A Notícia, 26 de janeiro de 1992.