Primeiros Semáforos de Santa Catarina

De Memória CVJ
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Em 1952, durante a 2ª Legislatura, Joinville inaugurou a sinalização eletrônica em Santa Catarina.[1][2]

A SAJ e a sua Comissão Pró Sinalização Semafórica

Em 1952, a SAJ (Sociedade Amigos de Joinville) formou a "Comissão Pró Sinalização Semafórica", com o objetivo de estudar e promover a instalação de sinalização eletrônica em Joinville. Com 35 mil cruzeiros que restaram das festividades do centenário, a Comissão passou a angariar donativos de empresas e comércios de Joinville.

Jornal de Joinville: Semáforos estão chegando.

Em 16 de outubro chegava a Joinville Alberto Horta, engenheiro da Hortafil S.A., que iniciava as análises prévias para a instalação dos semáforos na cidade. Inicialmente, seriam três sinaleiros, nas ruas Duque de Caxias (atual Dr. João Colin pós rua Princesa Isabel), avenida Getúlio Vargas e rua Cruzeiro (parte inicial da atual Dr. João Colin).[1] Em 1952, a reportagem do Jornal de Joinville não especificou os cruzamentos. Comentando sobre novos Semáforos em 1957, incidentalmente o mesmo jornal esclareceu esse ponto. Eis os cruzamentos:

  • XV de Novembro com Rua Cruzeiro (atual João Colin);
  • 9 de Março com Otto Boehm;
  • São Pedro (atual Ministro Calógeras) com Avenida Getúlio Vargas.[3]

O Projeto de Lei

Capa do Projeto de Lei 367/52.

Em outubro de 1952, um projeto de lei (367/52) do executivo transitou na Câmara, pedindo crédito especial de quarenta mil cruzeiros para instalar sinalização semáforos na cidade. Ao passar pela comissão de finanças, o projeto ganhou parecer favorável. Manifestou-se aquela comissão dizendo que se tratava de "um serviço de utilidade pública de há muito reclamado e que merece todo apoio do Poder Público." A aprovação se deu em 4 de novembro e o projeto se tornou a lei Ordinária 359/1952.[4] Curiosamente, o projeto de lei não menciona a SAJ ou sua Comissão Pró Sinalização Semafórica.

Orçamento da Comissão Pró Sinalização Semafórica

Num balancete apresentado em 1955 podemos ver como foi a arrecadação e gastos em 1952. Com a verba doada pela SAJ (que doou 35 mil cruzeiros) somada ao crédito votado na Câmara, já era possível instalar dois semáforos. Mas houve outros donativos, como segue:

Doador Valor em Cruzeiros
Dr. João Colin 1.000,00
Henrique Meyer e Cia 3.000,00
Instituto Nacional do Pinho 5.000,00
Comercio de Automóveis 2.000,00

Os gastos com a instalação dos três semáforos, realizados pela Hortafil, foram de 100.248,00 cruzeiros.[5]

Repercussão na Cidade

Pra quem ainda não sabia: No verde, pode ir; no vermelho, pare.

Já instalada a novidade, motoristas, ciclistas e pedestres procuraram respeitar a nova sinalização, mas uma matéria no Jornal A Notícia dava conta de que ainda seria necessária uma maior familiaridade do joinvilense com os semáforos, para permitir maior eficiência do serviço. Curioso para os dias atuais foi a necessidade de informar o público sobre o que significavam as cores (vide imagem).[2]

A novidade demoraria a ser compreendida por alguns. Cinco anos depois havia motoristas que ainda achavam que podiam dobrar à direita mesmo com o sinal fechado. Pedestres cruzavam as vias sem ativar o sinaleiro para eles, e quando recebiam reprimenda dos motoristas, retrucavam que os demáforos eram para os carros.[6]

A campanha de arrecadação para outros sinaleiros continuaria, assumindo a SAJ a responsabilidade por cobrar impostos sobre bicicletas, cobrando na ocasião uma taxa extra destinada aos semáforos.[nota 1]

Magnifying glass 01.svg.png Ver Também: Extinto o Imposto Sobre Bicicletas

Mais Semáforos em 1957

Em 1957, a prefeitura tomou a seu cargo a instalação dos semáforos, e em abril de 1957 programou-se a instalação de mais três deles nos seguintes cruzamentos:

  • 9 de Março com Rua do Príncipe;
  • 9 de Março com Rio Branco;
  • XV de Novembro com Rua do Príncipe.[3]

Mas em julho de 1957 o Jornal de Joinville mencionava seis novos sinaleiros, em vez de três. O cruzamento da 9 de março com Rio Branco parece ter ficado sem semáforo. Eis os cruzamentos mencionados na matéria:

  • 9 de Março com Rua do Príncipe;
  • XV de Novembro com Rua do Príncipe;
  • Duque de Caxias (atual João Colin) com Princesa Isabel;
  • Duque de Caxias (atual João Colin) com Max Colin;
  • Rio Branco com Itajaí;
  • Getúlio Vargas com Anita Garibaldi.[7]


Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Primeiros Semáforos de Santa Catarina. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Primeiros_Sem%C3%A1foros_de_Santa_Catarina>. Acesso em: 27 de abril de 2024.

Citação com autor incluído no texto

PINHEIRO (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)


Notas

  1. Na ocasião da outorga do título de Cidadão Benemérito à Albano, o jornal A Notícia (09/04/1978 - clipagem do Arquivo histórico de Joinville) menciona que os seis primeiros semáforos de Joinville foram instalados com o restante do dinheiro dos festejos dos centenário, organizados pela SAJ. O discurso proferido pelo vereador Celso Pereira, na mesma ocasião, voltava a repetir essa ideia. Porém, o orçamento apresentado pela SAJ no jornal A Notícia, edição de 24 de fevereiro de 1956, deixa claro que a doação da SAJ pagou somente um dos primeiros três sinaleiros instalados em Joinville. Uma verba municipal e doações de empresas e comércios completaram o valor, sempre sob a organização da Comissão Pró Sinalização Semafórica da SAJ. Os demais semáforos foram adquiridos principalmente pelas taxas sobre as bicicletas, e aparecem no orçamento já menciona sob a rubrica que menciona o nome do delegado e a arrecadação anual. Conclui-se que dizer que os primeiros seis semáforos foram adquiridos com verba que sobrou dos festejos do centenário é uma declaraçao imprecisa.

Referências

  1. 1,0 1,1 Joinville Será em Breve Dotada do Serviço de Sinalização Elétrica. Jornal de Joinville, 17 de outubro de 1952.
  2. 2,0 2,1 Bons Resultados da Sinalizaçao Luminosa do Trânsito. A Notícia, 13 de novembro de 1952.
  3. 3,0 3,1 A Prefeitura vai Tomar a Seu Cargo a Sinalização Luminosa. Jornal de Joinville, 13 de Abril de 1957.
  4. Projeto 367/1952, arquivado na Câmara de Vereadores.
  5. O Trabalho da SAJ em Favor da Cidade. A Notícia, 24 de fevereiro de 1956.
  6. Vamos Parar no Sinal Vermelho. A Notícia, 9 de novembro de 1957.
  7. Inaugurada Oficialmente Hoje a Sinalização Semafórica. Jornal de Joinville, 5 de julho de 1957.