Aumento no Número de Assessores

De Memória CVJ
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Ao longo da sua história, a Câmara passou por alterações no número de assessores que cada bancada ou gabinete poderia comissionar. A partir de 2025, esse número passará a ser de nove comissionados. Parte da história desse crescimento ou decréscimo no número de assessores está narrada nesse artigo:[nota 1]

Primeiras Legislaturas Pós-Vargas: Um Só Servidor

Após a queda do Estado Novo e o restabelecimento da democracia, quando a Câmara de Joinville iniciou sua atual contagem das legislaturas, o poder legislativo municipal contava apenas com um servidor, Alpheu Carneiro Lins, ativo membro da UDN local. Lins era Diretor de Expediente, e seu nome está incluído em praticamente todo projeto de lei constante no arquivo da Câmara, quando ele confirmava o trânsito da indicação entre as comissões.[1] Este funcionário não era assessor de vereadores, mas um servidor da Câmara de Vereadores.

1988: Comissionados por Bancada

Cerca de trinta anos depois, os vereadores indicavam servidores comissionados para bancadas, não para seus gabinetes como é hoje. Partidos com três vereadores ou mais tinham direito a assessor e secretário. Partidos com dois ou menos, só teriam direito ao assessor de bancada.[2]

1989: PT Retaliado?

Fachini entendeu que foi alvo de vingança.

Em 1989, João Fachini e o presidente João Pessoa Machado divergiram sobre o pagamento de sessões, ordinárias para o petista, e extraordinárias para o presidente da CVJ. Fachini decidiu devolver a importância paga a mais, e pediu um parecer jurídico da casa.[3] A divergência entre eles chegou aos tribunais, com derrota para Fachini.[4]

Na esteira dos acontecimentos, Wilmar D'angelis, assessor do PT, foi exonerado pelo presidente da casa, João Pessoa, após receber requerimento de autoria de Renzetti, assinado por outros vereadores. Simultaneamente, a mesa diretora apresentou o projeto de lei 27/89,[nota 2] que aumentaria o número de assessores para partidos com mais de dois membros, mas retiraria o assessor de partidos com um só vereador.[5] Carlito Merss, presidente do PT, entendeu que tal decisão fora:

(...) apelativa e antidemocrática.

Ele também considerou um absurdo o projeto que retiraria do PT o direito de ter um assessor, que nesse caso substituiria Wilmar D'angelis. Merss afirmou que a atitude era:[6]

Um ato arbitrário, de retaliação à postura do PT no legislativo municipal, por levantar suspeitas quanto à legalidade do pagamento sistemático de sessões extraordinárias(...) .

Fachini também afirmou que a extinção do cargo de assessor para seu partido fora uma medida "revanchista e discricionária".[7]

Grande parte dos vereadores, porém, não queriam exatamente o que o projeto da Mesa Diretora propunha. Eles preferiam a nomeação de um assessor para cada vereador.[5] A lei nº 2322, porém, deixou claro que a vontade da mesa diretora prevaleceu, e Fachini ficou mesmo sem nenhum assessor. Dizia ela:

"Art. 11 A nomeação de Assessores de Bancada e de Secretário de Bancada, cargos previstos na letra "b" do Anexo I, será efetuada após ouvido o Líder de Bancada de cada partido político que tiver representação na Câmara de Vereadores de Joinville com direito à Assessoria e Secretaria, obedecendo o seguinte critério:
- 01 (um) Assessor para Bancada com número de 02(dois) a 04(quatro) Vereadores;
- 02 (dois) Assessores para Bancada com número de 05(cinco) a 08(oito) Vereadore:s;
- 03 (três) Assessores para Bancada com número de 09(nove) a 12(doze) Vereadores;
- 04 (quatro) Assessores para Bancada com mais de 12(doze) Vereadores;
- 01 (um) Secretário para Bancada com número de 03(três) a 05(cinco) Vereadores;
- 02 (dois) Secretários para Bancada com número de 06(seis) a 09(nove) Vereadores;
- 03 (três) Secretários para Bancada com número de 10(dez) a 12(doze) Vereadores;
- 04 (quatro) Secretários para Bancada com mais de 12(doze) Vereadores.[8]
Magnifying glass 01.svg.png Ver artigo principal: Pagamento por Sessões Extraordinárias em 1989

1990 - Trem da Alegria

Sdrigotti em partido grande achava que bancada com um vereador não precisava de assessor. Sdrigotti em partido com um vereador achava que tais bancadas precisavam de assessor.

Em 1989, qual membro da mesa diretora, Sdrigotti apoiava que partidos com um membro não tivesse direito a assessores. Porém, ele deixara o PMDB e agora era do PDT, partido com um só vereador, e iniciara um movimento para reverter a lei que ele mesmo ajudara a criar. A ideia de um assessor por vereador fora retomada. A imprensa, porém, apelidou a medida que possibilitava o aumento de assessores comissionados de "Trem da Alegria".[9]

Sérgio Silva era contra o "Trem da Algeria" (Foto: Wagner Jorge/A Notícia).

É claro que Fachini apoiaria o projeto, mas Sérgio Silva afirmou que o aumento no número de assessores:

(...) não significa que os vereadores vão trabalhar mais em benefício da comunidade. Significa, isso sim, que de agora em diante eles vão trabalhar menos.

Sérgio Silva disse também que se o "Trem da Alegria" fosse aprovado, abriria mão desse direito, já que ganhava muito bem para contratar sua assessoria. Altair Carlos Pereira, Nestor Westrupp e Vilson Renzetti também se posicionaram contrários ao projeto.[10]

Mas, após pressões dos munícipes, o "Trem da Alegria" descarrilou. Em vez de um assessor para cada vereador, a lei aprovada em abril apenas devolveu o assessor para bancadas com um vereador, para a alegria de Fachini e de Sdrigotti.[11]

2007: Até Treze Assessores

Em 2007, durante 15ª Legislatura, foi aprovada a Resolução Nº 3, que permitia que os gabinetes tivessem treze assessores comissionados, desde que um valor específico, corrigido ano a ano, não fosse ultrapassado (12 mil reais, no ano da publicação da lei).

2014/2015: TAC - Sete no Máximo

João Carlos Gonçalves (esq.) e Rodrigo Fachini (dir.), presidentes do mandato que estava findando e do por vir, assinaram acordo com o MP, em 2014

Em dezembro de 2014, estando a CVJ na sua 17ª Legislatura, foi assinado um Termo de Ajuste de Conduta pela Câmara de Vereadores, se comprometendo com o Ministério Público em limitar os assessores comissionados em no máximo sete. Além disso, seria criada normas claras sobre o controle de ponto e relatórios de atividades externas.[12]

2019: Outra Redução?

Ninfo: Reduzir é possível.

Em 2019, durante a 18ª Legislatura, Ninfo König apresentou o Projeto de Resolução nº 12/2019, que pretendia diminuir de sete para quatro o número de assessores comissionados lotados nos gabinetes. Ninfo dizia que seu gabinete era a prova de que tal diminuição era possível. A proposta passou por algumas comissões, mas em 2023 ficou trancada na Comissão de Finanças, aguardando relatoria, conforme o último movimento registrado (verificado em 2024).[13]

2022: De Sete para Oito

Em dezembro de 2022, durante a 19ª Legislatura, a Câmara aprovou uma mudança no Resolução nº 30, que dispõe sobre a Assessoria Parlamentar. A alteração aumentaria de sete para oito o número de Assessores que cada gabinete poderia ter.[14]

Passou a dizer o caput do artigo 2º da referida resolução:

"Art. 2º Fica limitado em oito (8) o total de Assessores por Gabinete, sendo um (1) Chefe de Gabinete, dois (2) Assessores Parlamentares de Apoio Técnico, quatro (4) Assessores Parlamentares de Apoio Operacional e (1) um Assessor que poderá ser de Apoio Técnico ou de Apoio Operacional, devendo o Parlamentar, no ato de nomeação do oitavo servidor, definir seu regime de trabalho e suas atribuições, inclusive para que coincidam com as de Assessor Parlamentar de Apoio Técnico ou Assessor Parlamentar de Apoio Operacional."

2024: De Oito Para Nove

Estando a 19ª Legislatura no seu epílogo, em novembro de 2024, a Câmara aprovou um aumento no número de assessores, de oito para nove por gabinete. Em 4 de novembro de 2024, a mesa diretora e outros vereadores co-assinaram o projeto de Resolução nº 3/2024. A justificativa era de que a população de Joinville tinha uma população estimada em 654.888 habitantes, mas somente 19 vereadores. Com as demandas da sociedade sempre crescendo, mas o número de vereadores se mantendo inalterado, entenderam os vereadores que o número de assessores por gabinete era inadequado para recepcionar os anseios dos munícipes.[15]

No dia 6 de novembro de 2024, o plenário aprovou a alteração, permitindo que a partir de 2025 cada vereador possa ter nove assessores. O projeto foi aprovado com 11 votos favoráveis e cinco contra.

  • Votaram à Favor do Projeto:

Adilson Girardi (MDB) • Cassiano Ucker (PL) • Cláudio Aragão (MDB) • Henrique Deckmann (MDB) • Kiko do Restaurante (PSD) • Lucas Souza (Republicanos) • Nado (PSD) • Ascendino Batista (PSD) • Pelé (MDB) • Tânia Larson (União) • Wilian Tonezi (PL)

  • Votaram contra o Projeto:

Alisson (Novo) • Ana Lucia Martins (PT) • Érico Vinicius (Novo) • Luiz Carlos Sales (PRD) • Neto Petters (Novo)
Destes, Ana Lúcia, Érico e Sales constaram entre os autores da proposta. Ana disse que depois verificou a orientação do partido e fez uma reavaliação do assunto, retirando depois disso seu apoio. Érico, como outros vereadores do seu partido, não concordaram com o aumento de assessores, mas ele assinou o projeto como membro da mesa diretora, para dar vazão aos trabalhos.

O presidente Diego Machado só votaria em caso de empate.[16]



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Aumento no Número de Assessores. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Aumento_no_N%C3%BAmero_de_Assessores>. Acesso em: 1 de abril de 2025.

Citação com autor incluído no texto

Pinheiro (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)

Notas

  1. Este artigo pretende reunir pesquisas históricas sobre o crescimento, ou decréscimo dos assessores comissionados, e irá sendo modificado conforme novas informações forem sendo encontradas.
  2. O jornalista Toninho Neves afirmou no ano seguinte que o autor do projeto era João Luiz Sdrigotti. Se foi assim, o projeto foi de origem da mesa, mas seu mentor fora o vice-presidenta da casa. Neves disse que Sdrigotti fizera o PL com intuito de se vingar de Fachini, na questão da denúncia das Sessões Extraordinárias. Tais informações estão na coluna Alça de Mira, do jornal A Notícia, 18 de março de 1990.

Referências

  1. Coluna "Comentário do Dia". A Notícia, 18 de agosto de 1959.
  2. Lei Municipal nº 2280, de 22 de novembro de 1988. Visitado em 18/11/2024
  3. Requerimento Questiona a Sessão Extra. A Notícia, 7 de abril de 1989.
  4. Sessões Extras Forma Consideradas Legais. A Notícia, 26 de abril de 1990.
  5. Ir para: 5,0 5,1 Pressão de Lideranças Exonera Assessor do PT. A Notícia, 4 de junho de 1989.
  6. PT Protesta Pela Saída de Assessor. A Notícia, 6 de junho de 1989.
  7. Coelho na Cartola. A Notícia, 8 de junho de 1989.
  8. Lei Municipal nº 2322, de 20 de junho de 1989. Visitado em 19/11/2024
  9. Antonio Neves. Coluna Alça de Mira. A Notícia, 18 de março de 1990.
  10. Câmara de Joinville Aprova Trem da Alegria. A Notícia, 14 de março de 1989.
  11. Lei Municipal nº 2391, de 6 de abril de 1990. Visitado em 19/11/2024
  12. Assinado TAC do número de comissionados. Câmara de Vereadores de Joinville. Arquivado do original. Visitado em 12/11/2024.
  13. Projeto de Resolução Nº 12/2019, Câmara de Vereadores de Joinville. Visitado em 12/11/2024
  14. Resolução nº 99, de 20 de dezembro de 2022. Visitado em 12/11/2024
  15. Projeto de Resolução Nº 3/2024. Câmara de Vereadores de Joinville. Visitado em 11/11/2024.
  16. Vereadores de Joinville aprovam aumento no número de assessores. ND+. Arquivado do [1]. Visitado em 11/11/2024.