Mudanças entre as edições de "Ernesto Canac"

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Em Joinville, '''Ernesto Canac''', ou Léon Ernest Raphael Canac, foi vereador da [[1890-1891 - 1ª Legislatura da Primeira República|1ª]], [[1892-1893 - 2ª Legislatura da Primeira República|2ª]], [[1895-1899 - 4ª Legislatura da Primeira República|4ª]] e [[1903-1907 - 6ª Legislatura da Primeira República|6ª Legislatura da Primeira República]]
Em Joinville, '''Ernesto Canac''', foi vereador da [[1890-1891 - 1ª Legislatura da Primeira República|1ª]], [[1892-1893 - 2ª Legislatura da Primeira República|2ª]], [[1895-1899 - 4ª Legislatura da Primeira República|4ª]] e [[1903-1907 - 6ª Legislatura da Primeira República|6ª Legislatura da Primeira República]]


=Vereador=
=Vereador=
*'''1ª Legislatura da Primeira República (1890-1891):''' Com o advento da república, a câmara municipal foi dissolvida e no seu lugar foi instaurado um conselho de intendência para cuidar dos assuntos municipais. Canac foi um dos intendentes nomeados pelo Interventor Lauro Müller.<ref name="REP">[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/141 Parte Official - Governo do Estado de Santa Catharina]. República, de Florianópolis, 8 de janeiro de 1890. Visitado em 21/10/2022</ref>
*'''1ª Legislatura da Primeira República (1890-1891):''' Com o advento da república, a câmara municipal foi dissolvida e no seu lugar foi instaurado um conselho de intendência para cuidar dos assuntos municipais. Canac foi um dos intendentes nomeados pelo Interventor Lauro Müller,<ref name="REP">[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/141 Parte Official - Governo do Estado de Santa Catharina]. República, de Florianópolis, 8 de janeiro de 1890. Visitado em 21/10/2022</ref> presidindo tal conselho.<ref name="Ficker"></ref>


*'''2ª Legislatura da Primeira República (1892-1893):''' Sendo eleito vereador nas eleições de 1891, com 369 votos,<ref>Kolonie Zeitung, 1 de setembro de 1891.</ref> Canac tomou posse em 1º de janeiro de 1892. No mesmo dia, duas horas depois, soube-se que as eleições de 1891 foram invalidadas e um conselho de intendentes foi nomeado pelo novo governo catarinense. Era o reflexo em Joinville das dificuldades políticas vividas na capital do estado, pois em 29 de dezembro de 1891 Lauro Müller renunciava ao cargo de governador de santa Catarina.<ref name="Elly">Elly Herkenhoff. Joinville - Nossos Prefeitos: 1869-1903. Joinville: Prefeitura de Joinville, 1984.</ref> No entanto, Canac estava entre os intendentes nomeados pela junta governativa que tomou o poder.<ref>Circular de 17 de janeiro de 1892, em guarda do Arquivo Historico de Joinville.</ref>
*'''2ª Legislatura da Primeira República (1892-1893):''' Sendo eleito vereador nas eleições de 1891, com 369 votos,<ref>Kolonie Zeitung, 1 de setembro de 1891.</ref> Canac tomou posse em 1º de janeiro de 1892. No mesmo dia, duas horas depois, soube-se que as eleições de 1891 foram invalidadas e um conselho de intendentes foi nomeado pelo novo governo catarinense. Era o reflexo em Joinville das dificuldades políticas vividas na capital do estado, pois em 29 de dezembro de 1891 Lauro Müller renunciava ao cargo de governador de santa Catarina.<ref name="Elly">Elly Herkenhoff. Joinville - Nossos Prefeitos: 1869-1903. Joinville: Prefeitura de Joinville, 1984.</ref> No entanto, Canac estava entre os intendentes nomeados pela junta governativa que tomou o poder.<ref>Circular de 17 de janeiro de 1892, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.</ref>


=Outros Cargos Políticos=
*'''4ª Legislatura da Primeira República (1895-1899):''' Recebendo 426 votos nas eleições de abril de 1895, Canac foi o segundo vereador mais votado naquele pleito.<ref name="KZ">Das Wahlresultat. Kolonie Zeitung, 09 de abril de 1895.</ref>
==Superintendente Municipal (Prefeito)==
*1895-1899 - 445 votos. Seu adversário, Abdon Baptista, fez 155 votos.<ref name="KZ">Das Wahlresultat. Kolonie Zeitung, 09 de abril de 1895.</ref> Em 1896 Frederico protagonizou uma situação muito comentada pela historiografia local, quando uma mulher faleceu de febre amarela nas proximidades do porto. Quando a casa dela foi isolada e o trânsito local foi interditado, os carroceiros não queriam levar seu corpo para o cemitério. Para não deixá-la insepulta, Brüstlein apresentou-se em pessoa e levou-a em sua própria carroça.<ref name="Ficker"></ref>


==Deputado Provincial==
*'''Legislatura da Primeira República (1903-1907):''' Nas eleições de 1902, Canac recebeu 1288 votos, sendo o vereador mais votado naquele pleito.<ref>Resultat der Munizipalwahl am 7 Dezember 1902. Kolonie Zeitung, 11 de dezembro de 1902.</ref> Canac presidiu o conselho municipal, e nessa condição, esteve entre as autoridades que inauguraram o Hospital de Caridade, atual São José.<ref name="Cent">Sociedade de Amigos de Joinville. Álbum do Centenário de Joinville. Curitiba: Gráf. Mundial, 1951.</ref>
*'''25ª Legislatura (1884-1885):''' 78 votos (74 deles em Joinville) - Partido Conservador - Seu adversário político local, Abdon Baptista, fez 84 votos (26 deles em Joinville).<ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/709603/4552 Eleição Provincial]. A Regeneração, Desterro, 2 de abril de 1883. Visitado em 06/06/2023</ref> O termo adversário aqui não se refere à inimizade política, mas ao fato de disputarem o mesmo eleitorado.


*'''27ª Legislatura (1888-1889):''' Para este mandato, Brüstlein elegeu-se com 560 votos.<ref name="ALESC"></ref> Numa ocasião, ele entrou em discussão aberta com [[Frederico Lange]], que também era deputado provincial e fora vereador de Joinville antes disso. Lange alertava para o que ele considerava um desleixo da Sociedade Colonizadora para com os colonos de Dona Francisca, situação corroborada pela imprensa. Isso levou ao afastamento de Brüstlein do cargo de Diretor da Colônia.<ref name="Ficker">Carlos Ficker. História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965.</ref>
=Outros Mandatos=
==Vice-Governador==
===[[Eleições Perdidas]]===
1894 - 24 votos - Havia eleição para governador e vice em separado. Polydoro de S.Thiago foi eleito vice-governador com 7414 votos. Canac foi o segundo mais votado.<ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/4247 Eleção Estadoal]. República, 28 de setembro de 1894. Visitado em 27/07/2023</ref>


=Informações Biográficas=
==Superintendente Municipal (Prefeito)==
[[Arquivo:Rua bossingault.jpg|288px|miniaturadaimagem|A rua Sete de Setembro já levou o nome do professor de química de Brüstlein.]]
Frederico Brüstlein nasceu em 25 de setembro de 1835, em Mulhouse, na Alsácia, região que transitou entre a França e a Alemanha, mas que no nascimento dele era francesa, como é hoje.<ref group="nota">No livro "Joinville - Nossos Prefeitos: 1869-1903" a autora Elly Herkenhoff oferece a data de 25 de março de 1835 como o dia de nascimento de Brüstlein. Uma informação anônima datilografada, mantida nos arquivos do Arquivo Histórico de Joinville, diz que ele nasceu em 25 de maio daquele ano. O registro de óbito religioso (luterano), no entanto, informa que o nascimento se deu em 25 de setembro de 1835. Igualmente, uma fonte anexada pelo historiador Rafael José Nogueira no site [https://www.familysearch.org/photos/artifacts/130545335 Familyseach] parece informar que realmente o mês é setembro, já que nas margens o mês está abreviado, mas termina com "bre", o que não combinaria com os meses de março ou maio.</ref> Brüstlein tinha formação em engenharia química. Inclusive seu professor, Boussingault, nomeou por um tempo a atual [https://goo.gl/maps/w955MTb9mr3PyQfm8 Sete de Setembro], ganhando esse nome quando a rua ainda estava dentro de propriedade privada.


Brüstlein chegou em Joinville em 1865,<ref group="nota">Segundo o site [https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/327-Frederico_Bruestlein Memória Política de Santa Catarina], Brüstlein chegou em Joinville em 23 de junho de 1863. Carlos Ficker, em História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca, aponta sua chegada para o ano de 1865, e inclusive diz que ele ficou 5 semanas esperando a confirmação da sua nomeação para os cargos de procurador e administrador dos bens do Príncipe de Joinville e do Duque de Aumale</ref> sendo nomeado procurador do Príncipe de Joinville e do Duque de Aumale, além de administrador dos bens que ambos tinham na região.<ref name="ALESC">[https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/327-Frederico_Bruestlein Memória Políticia de Santa Catarina]. Visitado em 02/06/2023</ref>
==Deputado Estadual==
[[Arquivo:Ernesto canac jornal.png|288px|miniaturadaimagem|Ernesto Canac afirma desconhecer algum poder que tenha o direito de dissolver o Congresso Estadual (1892)]]
*'''1ª Legislatura 1891-1892 | Legislatura Constituinte de 1891''' - 7.807 votos.<ref name="ALESC">[https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/250-Ernesto_Canac Memória Políticia de Santa Catarina]. Visitado em 27/07/2023</ref> A constituição catarinense de 1891 teve vida curta, já que em 1892 os federalistas tomaram conta do legislativo no estado e decidiu-se modificá-la, criando outra em 1892. Quando a junta governativa que tomou o poder do executivo estadual dissolveu o Congresso (o legislativo), num primeiro momento os deputados não reconheceram que tal junta tivesse poder legal para fazer isso. Em apoio ao protesto público do presidente do Congresso, vários deputados se pronunciaram declarando que igualmente não reconheciam que a junta tivesse autoridade para decretar tal dissolução, incluindo o deputado Ernest Canac.<ref>[http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=711497x&pagfis=2279 Estado de Santa Catarina]. República, 8 de janeiro de 1892. Visitado em 27/07/2023</ref>  


===O Palácio dos Príncipes===
*'''2ª Legislatura (1894-1895) | Legislatura Constituinte de 1895''' - 5.059 votos.<ref name="ALESC"></ref> Em 1894, Canac foi o proponente de um projeto aprovado que pedia ajuda de mil contos de réis para auxiliar um estado e municípios depauperados devido às depredações dos vencidos revoltosos federalistas. A proposta foi aprovada com um aditivo aumentando o pedido para dois mil réis.<ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/4272 Congresso do Estado]. República, 5 de outubro de 1894. Visitado em 27/07/2023</ref> A constituição catarinense de 1895 veio para tomar o lugar da constituição estadual federalista de 1892, ressuscitando com alterações a de 1891.
[[Arquivo:Palacio dos principes.png|288px|miniaturadaimagem|O Museu Nacional de Imigração e Colonização]]
Brüstlein foi o idealizador da "Maison de Joinville", e em 1866 ele já tinha as plantas da casa. Com a devida aprovação do príncipe de Joinville, Brüstlein mandou iniciar a construção, que empregou muitos tijolos e telhas da olaria de [[Adolph Haltenhoff|Haltenhoff]]. Os trabalhos preliminares se deram no início de 1867, com análise do solo e de como seria melhor fazer o fundamento. Em março de 1868, as paredes internas do primeiro piso estava sendo levantadas. Em 1869 Brüstlein viajou a Europa, o que paralizou um pouco as obras. Em 1869, a casa recebia o reboco externo. No começo de 1870 recebia portas e janelas Em Novembro de 1870, o palácio estava pronto.<ref name="Fickerblu">Carlos Ficker. La Maison de Joinville - O Palácio dos Príncipes e a Sua História. Blumenau em Cadernos, edições de dezembro de 1961 e janeiro de 1962.</ref>


Hoje, a edificação hospeda o [https://www.joinville.sc.gov.br/institucional/secult/upm/mni/ Museu Nacional de Imigração e Colonização].
*'''3ª Legislatura (1896-1897)'''


===A Alameda Brüstlein===
*'''6ª Legislatura (1904-1906)''' - 7.859 votos.<ref name="ALESC"></ref>
[[Arquivo:Alameda brustlein.jpg|180px|miniaturadaimagem|left|A Alameda Brüstlein, acervo do AHJ]]
Popularmente chamada de rua das Palmeiras, a Alameda Brüstlein é composta de Palmeiras Imperiais que abrem alas ao Palácio dos Príncipes. Segundo o historiador Carlos Ficker, foi Brüstlein quem semeou as Palmeiras, usando sementes trazidas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Brüstlein plantou as sementes em 1867. Em 1873, quando as plantas já tinham crescido o suficiente, foram transplantadas para o local atual, ligando o palácio à rua do Príncipe.<ref name="Fickerblu"></ref>


===Diretor da Colônia Dona Francisca===
=Informações Biográficas=
Em 1875 Brüstlein assumia o cargo de diretor da Colônia Dona Francisca. Entre os problemas que ele teve de enfrentar estava o entreposto fiscal na encruzilhada, colocado ali pelo governo paranaense, cobrando imposto dos viajantes. O próprio Frederico Brüstlein foi parado pelos funcionários da província vizinha, o que o fez dirigir um veemente protesto ao presidente da província catarinense, Visconde de Taunay.
[[Arquivo:Ernesto canac foto.jpg|200px|miniaturadaimagem|O empresário Canac. (Foto: Arquivo Público de SC.)<ref>[https://acervo.arquivopublico.sc.gov.br/index.php/ernesto-canac-1846-1920-2 Item APESC_F0330 - Ernesto Canac (1846-1920)]. Arquivo Público do Estado de Santa Catarina. Visitado em 28/07/2023</ref>]]
{{Ver Também}} ''[[A Questão de Limites em 1876]]''
O coronel Ernesto Canac nasceu em 7 de novembro de 1847, em Saint-Affrique, Aveyron, na Occitânia, sul da França.<ref>[https://www.familysearch.org/tree/person/details/GHN6-1CJ Léon Ernest Raphael Canac.] Familysearch. Visitado em 24/07/2023</ref> Ele residia em Buenos Aires antes de vir para Joinville.<ref name="Cent"></ref>
'''A "Marcha Sobre Joinville"''': Um dos momentos mais tensos da administração de Frederico Brüstlein se deu em 1878, quando houve a "Marcha Sobre Joinville". Entre 1876 e 1877, São Bento do Sul teve más colheitas por causa de uma grande seca seguida por chuvas constantes e ataques de pragas. Para mitigar o problema econômico, a direção da Colônia Dona Francisca empregou os colonos na construção da Estrada Dona Francisca. Ocorreu porém que com a troca na presidência da província, houve ordem de paralizar as obras e suspender os pagamentos. Essa situação deixou os colonos revoltados, e 300 deles se armaram para descer e invadir Joinville.
 
Avisados de antemão, o delegado de polícia [[Frederico Jordan]], Etienne Douat e [[Frederico Brüstlein]], reuniram joinvilenses capazes de defender a cidade e esperaram os revoltosos à cerca de um quilômetro da cidade. Ali, os líderes joinvilenses chamaram os colonos de São Bento à razão. Admoestados, estando diante de uma guarda de defesa e cansados da longa marcha, estes depuseram as armas.<ref name="Ficker"></ref>


'''Brüstlein Deixa a Direção da Colônia"''': Por estar dividido entre muitos afazeres, políticos, da colônia, dos bens dos príncipes e pessoais, Brüstlein enfim foi acusado de ser desleixado com os colonos. Isso levou ao seu afastamento do cargo de diretor pela Sociedade Colonizadora em Hamburgo. (Ver mais informações sobre isso no cargo de deputado provincial, mais acima)<ref name="Ficker"></ref>
===Comerciante de Erva Mate===
Atuando no ramo do Mate na capital argentina, Ernesto Canac veio à Joinville por incumbência de uma empresa portenha. Em 1881, ele se estabelecera com comércio de erva em São Bento. Em 1885 ele já se estava se ocupando da aquisição do engenho de Erva de [[Antônio Sinke]]. Experiente no ramo, ele planejou uma instituição capaz de monopolizar a exportação da erva. Em 1890, desses planos nascia a  "Sociedade Industrial Catharinense”, sendo Canac um dos principais acionistas, bem como Procópio Gomes e [[Abdon Baptista]]. A Sociedade tornou-se uma empresa com filiais e uma potência no seu ramo de atuação. Canac tinha um escritório na esquina das ruas Princesa Isabel e do Príncipe. Ao fim do contrato de 15 anos, Canac vendeu seus ativos aos sócios e o afamado empreendimento dissolveu-se, surgindo firmas menores.<ref name="Ficker"></ref><ref name="Cent"></ref>


===Transporte de passageiros entre Joinville e São Francisco===
===O Republicano===
Em 1878, Brüstlein adquiriu da França o vapor Babitonga, a primeira embarcação movida a motor a chegar em águas joinvillenses. A embarcação tinha 14 metros de comprimento por 2,5 metros de largura e capacidade de transportar até cinco toneladas, além do combustível necessário. Brüstlein então foi atrás da concessão do governo da Província catarinense para efetuar viagens entre São Francisco do Sul, Joinville e Paraty (atual município de Araquari), iniciando atividades em junho de 1880.<ref name="ALESC"></ref> O nome original do vapor era "Vedete" e foi rebatizado por aqui de "Babitonga".<ref name="AHJ">Informação anônima contida em pastas do Arquivo Histórico de Joinville.</ref>
{{Artigo Principal}} ''[[Proclamação da República em Joinville]]''
 
Ernesto Canac foi um dos fundadores do Clube Republicano, em Joinville, no ano de 1886.<ref name="Ficker">Carlos Ficker. História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965.</ref> Canac foi um dos primeiros em Joinville a saber da proclamação da República. Foi no escritório de Canac que Ignácio Bastos se encontrou com este e com [[Victorino de Souza Bacellar]] para anunciar o ocorrido.<ref>Sociedade de Amigos de Joinville. Álbum do Centenário de Joinville. 1951. Curitiba: Gráf. Mundial.</ref>
Em 1883, Brüstlein construiu um estaleiro em Joinville onde foi fabricada uma segunda embarcação, o Vapor Dona Francisca, também para transporte de passageiros.<ref name="ALESC"></ref>


===Outros fatos importantes===
===Outros fatos importantes===
[[Arquivo:Frederico brustlein naturalizacao.jpg|200px|miniaturadaimagem|Frederico parabenizado pela naturalização.]]
*1891 - O Banco Industrial e Construtor do Paraná abriu a primeira agência bancária da história de Joinville, sob a direção de Canac.<ref name="Ficker"></ref><ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/1496 República], 31 de março de 1891. Visitado em 27/07/2023</ref>
*1880 - Brüstlein se naturalizou brasileiro, o que o permitiria participar da política local e da provincial.<ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/711608/1097 Noticia Locaes]. Gazeta de Joinville, 27 de dezembro de 1882. Visitado em 05/06/2023</ref>
*1884 - Membro da comissão designada pela Câmara para estudar a instalação da rede de água potável.<ref name="Ficker"></ref>
*1887 - O abolicionista Brüstlein emprestou a um escravo a quantia necessária para a alforria dele. Depois, Brüstlein contratou o já ex-escravo e foi abatendo do salário dele um determinado valor para o pagamento da dívida, possibilitando assim a libertação daquele homem.<ref name="AHJ"></ref>


===Falecimento de Frederico Brüstlein===
*1895 - Canac recebeu a patente de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional.<ref>[http://memoria.bn.br/DocReader/711497x/4692 Guarda Nacional]. A República, 19 de fevereiro de 1895. Visitado em 27/07/2023</ref>
Brüstlein faleceu em 22 de fevereiro de 1911, às 10 da manhã, de arteriosclerose. Ele já estava sofrendo com demência (falta de memória).
*1906 - Canac integrou a comissão que foi a São Francisco do Sul receber o presidente eleito Afonso Pena, que visitaria Joinville.<ref name="Ficker"></ref>
*1907 - Canac foi aclamado um dos dirigentes do '''Meeting de 1907''', uma reunião realizada para protestar contra a isenção de impostos sobre parte dos bens do finado padre Carlos Boergershausen. Por lei estadual, a parte destinada à igreja foi dispensada de impostos e era um alto valor (8 contos de réis). O povo entendeu isso como contrário ao princípio da separação entre igreja e estado.<ref name="Cent"></ref>


=Homenagens e Cultura Pop=
===Falecimento de Canac===
[[Arquivo:Frederico brustlein filme.jpg|150px|left|miniaturadaimagem|Brüstlein e Mella no Poster do Filme Uma Carta para Ferdinand".]]
Em outubro de 1907, Canac passou a residir em Curitiba.<ref name="Elly">Elly Herkenhoff. Joinville - Nossos Prefeitos: 1869-1903. Joinville: Prefeitura de Joinville, 1984.</ref>  Lá ele faleceu em 17 de outubro de 1920.<ref name="ALESC"></ref>
Em homenagem a Frederico Brüstlein, como já comentamos, a popularmente chamada [https://goo.gl/maps/uQeqQAmC1KMva66E7 Rua das Palmeiras leva o nome de Alameda Brüstlein].


Frederico Brüstlein foi representado pelo ator [https://pt.wikipedia.org/wiki/Clemente_Visca%C3%ADno Clemente Viscaíno] em "Uma Carta para Ferdinand". No filme, Brüstlein vem aos dias atuais para descrever ao Príncipe de Joinville como estaria a cidade no futuro. É explorado com brevidade um possível romance entre Brüstlein e Mella Kröhne, mulher casada com o confeiteiro Júlio Kröhne, cunhada de [[Alberto Kröhne]], filha de [[Frederico Heeren]] e neta de [[Adolph Haltenhoff]]. No filme, Mella é representada por [https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristiana_Oliveira Cristiana Oliveira].
{| class="toccolours" border="1" cellpadding="4" cellspacing="0" style="border-collapse: collapse; margin:0 auto;  font-size: 90%; background-color:{{{cor_fundo}}}; color:{{{cor_geral}}};"</noinclude>
|-
! colspan="3" style="background: #ddddff;" | '''Presidente da Câmara Municipal de Joinville na 1ª República'''
|- style="text-align:center;"
| width="30%" | Precedido por<br/>'''[[Frederico Brüstlein]]'''
| width="30%" | Presidente de 1890 a 1891
| width="30%" | Sucedido por<br/>'''[[Abdon Batista]]'''
|}


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{{:Quadro_1ª Legislatura da Primeira República}}{{:Quadro_2ª Legislatura da Primeira República}}{{:Quadro_4ª Legislatura da Primeira República}}{{:Quadro_6ª Legislatura da Primeira República}}


{{Autor}}
{{Autor}}
==Notas==
<references group="nota"/>


=Referências=
=Referências=
[[Category:Vereadores do Período Monárquico]]
[[Category:Vereadores da Primeira República]]
[[Category:Vereadores da Primeira República]]
[[Category:Vereadores]]
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[[Category:Vereadores da 6ª Legislatura do Período Monárquico]]
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Edição atual tal como às 12h00min de 27 de fevereiro de 2024

Ernesto Canac
Ernesto canac.jpg
Foto: Arquivos de Famílias do Arquivo Histórico de Joinville
Partido
Legislatura 1ª, 2ª, 4ª e 6ª Legislaturas da Primeira República

Em Joinville, Ernesto Canac, ou Léon Ernest Raphael Canac, foi vereador da , , e 6ª Legislatura da Primeira República

Vereador

  • 1ª Legislatura da Primeira República (1890-1891): Com o advento da república, a câmara municipal foi dissolvida e no seu lugar foi instaurado um conselho de intendência para cuidar dos assuntos municipais. Canac foi um dos intendentes nomeados pelo Interventor Lauro Müller,[1] presidindo tal conselho.[2]
  • 2ª Legislatura da Primeira República (1892-1893): Sendo eleito vereador nas eleições de 1891, com 369 votos,[3] Canac tomou posse em 1º de janeiro de 1892. No mesmo dia, duas horas depois, soube-se que as eleições de 1891 foram invalidadas e um conselho de intendentes foi nomeado pelo novo governo catarinense. Era o reflexo em Joinville das dificuldades políticas vividas na capital do estado, pois em 29 de dezembro de 1891 Lauro Müller renunciava ao cargo de governador de santa Catarina.[4] No entanto, Canac estava entre os intendentes nomeados pela junta governativa que tomou o poder.[5]
  • 4ª Legislatura da Primeira República (1895-1899): Recebendo 426 votos nas eleições de abril de 1895, Canac foi o segundo vereador mais votado naquele pleito.[6]
  • 6ª Legislatura da Primeira República (1903-1907): Nas eleições de 1902, Canac recebeu 1288 votos, sendo o vereador mais votado naquele pleito.[7] Canac presidiu o conselho municipal, e nessa condição, esteve entre as autoridades que inauguraram o Hospital de Caridade, atual São José.[8]

Outros Mandatos

Vice-Governador

Eleições Perdidas

1894 - 24 votos - Havia eleição para governador e vice em separado. Polydoro de S.Thiago foi eleito vice-governador com 7414 votos. Canac foi o segundo mais votado.[9]

Superintendente Municipal (Prefeito)

Deputado Estadual

Ernesto Canac afirma desconhecer algum poder que tenha o direito de dissolver o Congresso Estadual (1892)
  • 1ª Legislatura 1891-1892 | Legislatura Constituinte de 1891 - 7.807 votos.[10] A constituição catarinense de 1891 teve vida curta, já que em 1892 os federalistas tomaram conta do legislativo no estado e decidiu-se modificá-la, criando outra em 1892. Quando a junta governativa que tomou o poder do executivo estadual dissolveu o Congresso (o legislativo), num primeiro momento os deputados não reconheceram que tal junta tivesse poder legal para fazer isso. Em apoio ao protesto público do presidente do Congresso, vários deputados se pronunciaram declarando que igualmente não reconheciam que a junta tivesse autoridade para decretar tal dissolução, incluindo o deputado Ernest Canac.[11]
  • 2ª Legislatura (1894-1895) | Legislatura Constituinte de 1895 - 5.059 votos.[10] Em 1894, Canac foi o proponente de um projeto aprovado que pedia ajuda de mil contos de réis para auxiliar um estado e municípios depauperados devido às depredações dos vencidos revoltosos federalistas. A proposta foi aprovada com um aditivo aumentando o pedido para dois mil réis.[12] A constituição catarinense de 1895 veio para tomar o lugar da constituição estadual federalista de 1892, ressuscitando com alterações a de 1891.
  • 3ª Legislatura (1896-1897)
  • 6ª Legislatura (1904-1906) - 7.859 votos.[10]

Informações Biográficas

O empresário Canac. (Foto: Arquivo Público de SC.)[13]

O coronel Ernesto Canac nasceu em 7 de novembro de 1847, em Saint-Affrique, Aveyron, na Occitânia, sul da França.[14] Ele residia em Buenos Aires antes de vir para Joinville.[8]

Comerciante de Erva Mate

Atuando no ramo do Mate na capital argentina, Ernesto Canac veio à Joinville por incumbência de uma empresa portenha. Em 1881, ele se estabelecera com comércio de erva em São Bento. Em 1885 ele já se estava se ocupando da aquisição do engenho de Erva de Antônio Sinke. Experiente no ramo, ele planejou uma instituição capaz de monopolizar a exportação da erva. Em 1890, desses planos nascia a "Sociedade Industrial Catharinense”, sendo Canac um dos principais acionistas, bem como Procópio Gomes e Abdon Baptista. A Sociedade tornou-se uma empresa com filiais e uma potência no seu ramo de atuação. Canac tinha um escritório na esquina das ruas Princesa Isabel e do Príncipe. Ao fim do contrato de 15 anos, Canac vendeu seus ativos aos sócios e o afamado empreendimento dissolveu-se, surgindo firmas menores.[2][8]

O Republicano

Magnifying glass 01.svg.png Ver artigo principal: Proclamação da República em Joinville

Ernesto Canac foi um dos fundadores do Clube Republicano, em Joinville, no ano de 1886.[2] Canac foi um dos primeiros em Joinville a saber da proclamação da República. Foi no escritório de Canac que Ignácio Bastos se encontrou com este e com Victorino de Souza Bacellar para anunciar o ocorrido.[15]

Outros fatos importantes

  • 1891 - O Banco Industrial e Construtor do Paraná abriu a primeira agência bancária da história de Joinville, sob a direção de Canac.[2][16]
  • 1895 - Canac recebeu a patente de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional.[17]
  • 1906 - Canac integrou a comissão que foi a São Francisco do Sul receber o presidente eleito Afonso Pena, que visitaria Joinville.[2]
  • 1907 - Canac foi aclamado um dos dirigentes do Meeting de 1907, uma reunião realizada para protestar contra a isenção de impostos sobre parte dos bens do finado padre Carlos Boergershausen. Por lei estadual, a parte destinada à igreja foi dispensada de impostos e era um alto valor (8 contos de réis). O povo entendeu isso como contrário ao princípio da separação entre igreja e estado.[8]

Falecimento de Canac

Em outubro de 1907, Canac passou a residir em Curitiba.[4] Lá ele faleceu em 17 de outubro de 1920.[10]

Presidente da Câmara Municipal de Joinville na 1ª República
Precedido por
Frederico Brüstlein
Presidente de 1890 a 1891 Sucedido por
Abdon Batista
Vereadores da 1ª Legislatura da Primeira República
Carlos KumlehnErnesto CanacFrederico BrüstleinFernando RognerHenrique JordanJoão Eugênio Moreira Jr.Victorino de Souza Bacellar
Vereadores da 2ª Legislatura da Primeira República
Abdon BatistaAntônio José RibeiroErnesto CanacJoão ColinJoão SchroederHenrique WalterHenrique Hänsch

Quadro 4ª Legislatura da Primeira RepúblicaQuadro 6ª Legislatura da Primeira República



Pesquisador: Patrik Roger Pinheiro - Historiador | Registro Profissional 181/SC

Como Citar
Referência

PINHEIRO, Patrik Roger. Biografia de Ernesto Canac. Memória CVJ, 2024. Disponível em: <https://memoria.camara.joinville.br/index.php?title=Ernesto_Canac>. Acesso em: 15 de maio de 2024.

Citação com autor incluído no texto

PINHEIRO (2024)

Citação com autor não incluído no texto

(PINHEIRO, 2024)


Referências

  1. Parte Official - Governo do Estado de Santa Catharina. República, de Florianópolis, 8 de janeiro de 1890. Visitado em 21/10/2022
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Carlos Ficker. História de Joinville - Subsídios para a Crônica da Colônia Dona Francisca. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965.
  3. Kolonie Zeitung, 1 de setembro de 1891.
  4. 4,0 4,1 Elly Herkenhoff. Joinville - Nossos Prefeitos: 1869-1903. Joinville: Prefeitura de Joinville, 1984.
  5. Circular de 17 de janeiro de 1892, em guarda do Arquivo Histórico de Joinville.
  6. Das Wahlresultat. Kolonie Zeitung, 09 de abril de 1895.
  7. Resultat der Munizipalwahl am 7 Dezember 1902. Kolonie Zeitung, 11 de dezembro de 1902.
  8. 8,0 8,1 8,2 8,3 Sociedade de Amigos de Joinville. Álbum do Centenário de Joinville. Curitiba: Gráf. Mundial, 1951.
  9. Eleção Estadoal. República, 28 de setembro de 1894. Visitado em 27/07/2023
  10. 10,0 10,1 10,2 10,3 Memória Políticia de Santa Catarina. Visitado em 27/07/2023
  11. Estado de Santa Catarina. República, 8 de janeiro de 1892. Visitado em 27/07/2023
  12. Congresso do Estado. República, 5 de outubro de 1894. Visitado em 27/07/2023
  13. Item APESC_F0330 - Ernesto Canac (1846-1920). Arquivo Público do Estado de Santa Catarina. Visitado em 28/07/2023
  14. Léon Ernest Raphael Canac. Familysearch. Visitado em 24/07/2023
  15. Sociedade de Amigos de Joinville. Álbum do Centenário de Joinville. 1951. Curitiba: Gráf. Mundial.
  16. República, 31 de março de 1891. Visitado em 27/07/2023
  17. Guarda Nacional. A República, 19 de fevereiro de 1895. Visitado em 27/07/2023